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Lewandowski não foi reprovado em concursos públicos ou no mestrado

Boato sobre ministro foi enviado ao WhatsApp do Estadão Verifica, (11) 99263-7900

Por Alessandra Monnerat
Atualização:

Não é verdade que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski tenha sido reprovado em concursos públicos ou no mestrado da Universidade de São Paulo (USP). Desde que o magistrado foi filmado discutindo com um advogado em um avião, na semana passada, diversos leitores enviaram a desinformação ao WhatsApp do Estadão Verifica (11-99263-7900).

Desmentimos, abaixo, as afirmações feitas no boato.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Foto: André Dusek/Estadão

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"Você sabia que Ricardo Lewandoviski (sic) tentou 11 vezes concurso para magistratura, MP e delegado de polícia e em todos foi reprovado entre 1974 a 1984?"

O primeiro sinal de alerta é que o nome do ministro está escrito errado -- uma característica comum a boatos são erros de grafia. Além disso, a informação sobre as supostas reprovações não foi encontrada em pesquisas e não foi noticiada em nenhum veículo de imprensa. Quando Dias Toffoli assumiu uma cadeira no Supremo, por exemplo, a mídia noticiou que ele não tinha passado em dois concursos para juiz.

Em resposta ao Estadão Verifica, o STF comunicou que "o único cargo provido por concurso ao qual o ministro concorreu foi o de professor da USP, logrando êxito em sua aprovação". De fato, essa informação está no currículo do magistrado, disponível no site do tribunal -- a aprovação ocorreu em 2004.

Currículo Lewandowski

De acordo com o documento, no período citado no boato, Lewandowski exerceu a função de advogado e foi Consultor Jurídico e Chefe da Assessoria Jurídica da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S/A (Emplasa). Além disso, ele também completou o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (1973) e o mestrado em Direito pela Faculdade de Direito da USP (1980).

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Lewandowski se tornou juiz do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo em 1990, mas não ingressou na magistratura por concurso público, e sim pelo "quinto constitucional". Trata-se de um mecanismo que oferece 20% dos assentos dos tribunais a advogados e promotores, escolhidos em uma lista sêxtupla feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ou pelo Ministério Público.

"Você sabia que Ricardo o truculento e semi-deus teve sua tese de mestrado reprovada en (sic) 1980 por plágio e teve de refazer"

A pedido do Estadão Verifica, a Secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP fez um levantamento nas atas de defesa da pós-graduação no ano de 1980, quando Lewandowski se formou. No entanto, não se verificou nenhuma reprovação em relação à dissertação de mestrado do ministro, assim como não há menção a plágio.

A USP informou ainda que "a dissertação 'Crise Institucional e Salvaguardas do Estado' foi aprovada pelos três membros da banca examinadora no dia 29 de agosto de 1980". O STF também confirmou que a informação sobre a tese é falsa.

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"Que é formado em uma das piores faculdades de Direito do país a Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo" (sic).

A Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, onde Lewandowski se formou em Ciências Jurídicas e Sociais em 1973, está em 60º lugar no Ranking Universitário da Folha de 2018. Foram avaliados mais de 900 cursos de Direito de todo o País. No Estado de São Paulo, a faculdade fica na 13ª posição. No Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2015, a instituição obteve nota 3, condizente com a média nacional.

Lewandowski também tem diplomas da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP -- Ciências Políticas e Sociais, 1971), da USP (Mestrado em Direito, 1980, e Doutorado em Direito, 1982) e da Tufts University (Master of Arts em Relações Internacionais, 1981).

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