Foto de soldados em obra de transposição do São Francisco é de 2011

Imagem foi compartilhada fora de contexto nas redes sociais para creditar obras contra a seca ao governo de Jair Bolsonaro

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Por Pedro Prata
Atualização:

Atualização (02/07/2020): O texto foi atualizado para corrigir a data da foto verificada. De acordo com o Exército, a imagem foi feita em 2011, e não em 2012, como informava versão anterior desta checagem.

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Um boato resgata a foto de militares trabalhando em uma obra contra a seca durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff para dizer que a responsabilidade seria do governo de Jair Bolsonaro. O presidente compareceu na sexta, 26, à inauguração de um trecho da transposição do Rio São Francisco em Penaforte, no Ceará, e isso motivou um grande número de postagens no Facebook com informações falsas sobre a obra. Uma das postagens com a foto dos militares alcançou 12,5 mil compartilhamentos em três dias.

Soldados trabalham em drenagem de canal do Rio São Francisco. Foto: Reprodução

Uma busca com o mecanismo de pesquisa reversa de imagens do Google encontrou publicações com a foto em pelo menos três portais, em 2015, para ilustrar reportagens sobre a atuação do Exército Brasileiro nas obras de transposição do Rio São Francisco. Portanto, as imagens não podem ser do governo Bolsonaro, que só teve início em 2019.

Em nota, o Exército informou que a foto foi tirada em 2011. A imagem mostra o trabalho de construção de um trecho de canal de drenagem pluvial no Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco, localizado no município de Floresta, em Pernambuco.

A AFP também verificou esta foto em abril de 2019. A agência encontrou o link para a foto original no banco de imagens do Exército Brasileiro.

Soldados trabalhando em obra de drenagem em 2012, durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Esta não é a única postagem que promove desinformação sobre o tema. O Estadão Verifica também encontrou a foto de um açude construído entre 1995 e 2003 e que foi resgatada para dar crédito ao governo Bolsonaro.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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