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Foto de agressão a motorista de ônibus foi tirada em 2015, no Recife, e não tem relação com a covid-19

Postagens enganosas no Facebook alegam que trabalhador teria sido atingido por pedrada ao reclamar de passageiro sem máscara

Foto do author Samuel Lima
Por Samuel Lima
Atualização:

Uma postagem com mais de 100 mil compartilhamentos no Facebook desde o início de junho engana ao afirmar que um motorista de ônibus foi agredido com uma pedrada ao reclamar de um passageiro que queria entrar no coletivo sem máscara. As fotos mostradas na publicação foram registradas na cidade de Recife, em Pernambuco, em 2015 -- cerca de quatro anos antes do registro do primeiro caso de covid-19 no mundo. Não há qualquer relação entre a ocorrência e a pandemia do novo coronavírus.

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Uma das imagens tiradas de contexto aparece em uma notícia do jornal Diário de Pernambuco publicada em 20 de outubro de 2015. De acordo com a reportagem, o homem retratado se chama José Leite de Queiroz. Ele dirigia um ônibus da empresa Vera Cruz na capital pernambucana quando foi atingido por uma pedra, atirada de fora do veículo, por um homem que aparentava ter distúrbios mentais.

Boato tira de contexto imagem de motorista de ônibus agredido em 2015, na cidade de Recife. Foto: Reprodução / Arte Estadão

A vítima deu entrada no Hospital Getúlio Vargas com uma fratura no rosto e passou por procedimento cirúrgico. O agressor prestou depoimento na Central de Flagrantes da Polícia Civil e foi levado para o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano. Na época, o fato também foi noticiado pelo Jornal do Commercio e por telejornal do SBT, cuja reportagem pode ser vista em conteúdo do UOL Tab.

Máscara é obrigatória em ônibus no Estado de Pernambuco

Assim como em diversas outras localidades do País, o uso de máscaras é obrigatório em todo Estado de Pernambuco a quem precisar sair de casa durante a pandemia de covid-19 e no transporte público. As orientações constam em decreto publicado em 31 de maio. O governo estadual chegou a decretar lockdown em Recife e outras quatro cidades em maio para conter a disseminação do novo coronavírus. Desde o início de junho, as autoridades vem permitindo a abertura gradual de serviços não essenciais.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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