Site de enquetes não mostra 'os verdadeiros números' da corrida presidencial de 2022

Levantamento online não equivale a pesquisa eleitoral e não tem valor científico

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Por Alessandra Monnerat
Atualização:

É falsa a postagem no Facebook que afirma que os resultados de um site de enquetes representam "os verdadeiros números da corrida presidencial de 2022". Enquetes não seguem uma metodologia científica e não têm valor como pesquisa eleitoral. A participação em é espontânea e não há como delimitar o público respondente. Dessa forma, segmentos específicos da população podem estar mais representados que outras.

Pesquisas feitas por institutos de opinião, por outro lado, selecionam uma amostra de pessoas com características representativas da sociedade brasileira. A partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), definem-se cotas de sexo, escolaridade, renda, faixa etária e região de residência, proporcionais às do restante da população.

 Foto: Estadão

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A postagem em questão afirma que o site "Eleições Ao Vivo" traz "os verdadeiros números da corrida presidencial". Na realidade, o próprio site informa que as enquetes não têm valor científico. Na página, o presidente Jair Bolsonaro aparece como favorito à reeleição, com 52% dos votos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em segundo lugar, com 16%. Os ex-ministros Sérgio Moro e Ciro Gomes (PDT) têm 11% e 10%, respectivamente. 

Os números diferem das pesquisas eleitorais divulgadas mais recentemente, nas quais Lula está na frente. No levantamento PoderData divulgado nesta quarta-feira, 1º, o petista tem 37%, contra 28% do atual presidente. 

Site de enquetes permite mais de um voto da mesma pessoa

O Projeto Comprova, parceiro do Estadão Verifica, desmentiu anteriormente um vídeo que afirmava que o site Eleições Ao Vivo era uma forma de saber "quem realmente está na frente das pesquisas" eleitorais. O mesmo portal também foi divulgado pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), apoiadora de Bolsonaro.

Como mostrou a verificação do Comprova, o site não exige qualquer cadastro para votar. Assim, é fácil escolher um candidato mais de uma vez, usando navegadores diferentes ou abas anônimas. Outro aspecto importante das enquetes é que o público sabe o resultado antes do encerramento da votação. Dessa forma, os participantes podem se sentir estimulados a mudar o resultado da dinâmica.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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