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É falso que urnas tenham anulado 7,2 mi votos em 2018; boato antigo voltou a circular

Em meio a discussão sobre voto impresso, grupos no WhatsApp voltam a compartilhar mensagem falsa que afirma que Bolsonaro teria ganhado no primeiro turno

Por Pedro Prata
Atualização:

É falso que as urnas eletrônicas tenham anulado 7,2 milhões de votos nas eleições de 2018. Os votos são anulados pelos próprios eleitores, que o fazem de modo intencional ou por erros na hora de votar. Essa peça de desinformação circulou durante o período eleitoral daquele ano, mas voltou a circular em meio aos embates no Congresso para adoção de comprovante impresso do voto.

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As mensagens afirmam que "o TSE tem obrigação de esclarecer os motivos que levaram à anulação de mais de 7,2 milhões de votos que representam 6,2% do total". Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490.

Os dados disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmam que foram contabilizados 7.206.222 votos nulos (6,14%) e 3.106.937 votos brancos (2,65%).

 Foto: Reprodução

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) explica que votos nulos são aqueles que não correspondem a nenhum partido ou candidato. Se uma pessoa digitar o número de um candidato que não existe e apertar a tecla "confirma", o voto será contado como nulo. Assim, os votos nulos podem decorrer de erros do próprio eleitor. Mas também há casos em que o voto é anulado de forma intencional, já que os votos nulos não são considerados no resultado final e não beneficiam nenhum candidato ou partido. Na prática, seria o mesmo que pressionar o botão "branco" da urna eletrônica.

Votos nulos e brancos não são considerados para o resultado final da eleição.

 Foto: TSE/Reprodução

Votos anulados e Bolsonaro

As postagens ainda alegam que "a diferença de votos que levaria à vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de menos de 2 milhões", o que também é falso.

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Para que um candidato vença no primeiro turno, ele precisa obter 50% dos votos válidos. Como mostrou o Projeto Comprova, em 2018, Jair Bolsonaro teve 49.276.990 dos 107.050.673 votos válidos no 1º turno, ou 46,03%. Ou seja, ele precisaria de mais 4.248.346 para ser eleito presidente ainda na etapa inicial do pleito.

Desinformação sobre urnas eletrônicas

A adoção de um comprovante impresso do voto é uma das principais bandeiras de bolsonaristas no Congresso. Diante de um revés na comissão especial que discute o tema, que adiou a votação do relatório para o dia 15, o presidente Jair Bolsonaro subiu o tom das críticas ao sistema de votação e ameaçou não ter eleição em 2022. Aliados rebateram a fala de Bolsonaro e o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, lembrou que "impedir a ocorrência das eleições configura crime de responsabilidade".

O tema está altamente polarizado e isso estimula a viralização de conteúdos enganosos. O Estadão Verifica já mostrou que uma lei de 2002 estipulando o voto impresso foi revogada um ano depois devido aos problemas que sua implementação apresentou.

Bolsonaro também publicou vídeos com menções a uma auditoria do PSDB em urnas utilizadas nas eleições de 2014. O que não fica claro pela postagem do presidente é que o partido não encontrou nenhuma fraude no processo eleitoral daquele ano.

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