Gabi Coelho e Marcos Leandro, especial para o Estadão
13 de abril de 2021 | 12h51
O vídeo de um suposto “enterro fake” em Vila Velha, no Espírito Santo, circula fora de contexto nas redes sociais. Postagens afirmam que a gravação é uma manipulação da imprensa para causar pânico sobre o número de mortes de covid-19 no município. Na verdade, as imagens mostram a equipe da TV Vitória, afiliada da Rede Record, produzindo uma reportagem especial para mostrar o dia a dia do trabalho dos coveiros na pandemia. Nenhum enterro foi “encenado” para a matéria.
Leitores enviaram o vídeo para checagem por meio do WhatsApp do Estadão Verifica, 11 99265-2846.
O registro é do dia 30 de março, no Cemitério da Barra do Jucu. No vídeo, um homem não identificado alega que a repórter Marla Bermudes e o repórter cinematográfico Wilian O’Brien estariam mostrando uma simulação de enterro, com a cova vazia, com objetivo de enganar o público.
Bermudes esclareceu em uma entrada ao vivo na TV Vitória que a reportagem tinha como objetivo homenagear o trabalho dos coveiros em meio à pandemia. A repórter esclareceu que não tinha a intenção de “fingir” estar abrindo uma nova cova ou enterrando alguém. “A cova estava aberta e não a pedido da nossa equipe. Esse já é um procedimento do cemitério”, disse Marla. “As imagens mostradas no momento exato que ela está jogando terra, eram imagens de apoio para ilustrar as atividades que ela exerce no dia a dia”.
A emissora também divulgou uma nota afirmando que “os profissionais envolvidos estão sendo atacados nas redes sociais, de maneira covarde. A Rede Vitória tomará todas as medidas cabíveis, seja fortalecendo a transparência, seja via judicial contra a produção e o compartilhamento deste ataque virtual”.
Em abril do ano passado, uma foto aérea do maior cemitério da América Latina, localizado na Vila Formosa, em São Paulo, viralizou em todo o mundo. A imagem mostrava cerca de 150 covas rasas abertas. Naquela altura, a demanda de sepultamentos exigia a abertura de 90 covas por dia, o dobro do habitual. A Prefeitura da Capital afirmou que eram abertas 100 covas a cada três dias, o padrão, independentemente da pandemia. Segundo o Município, as sequências de novas valas serviam para “auxiliar na agilidade dos sepultamentos e cada necrópole tem dinâmica própria”.
Uma cartilha do Ministério da Saúde sobre o manejo de corpos de vítimas suspeitas e confirmadas da pandemia orienta apenas que não sejam realizados velórios e funerais com familiares e amigos. “A cerimônia de sepultamento não deve contar com aglomerado de pessoas, respeitando a distância mínima de, pelo menos, dois metros entre elas, bem como outras medidas de isolamento social e de etiqueta respiratória”, diz o material.
Outro boato envolvendo equipe televisiva sobre enterro na pandemia também circulou nas redes sociais em abril de 2020. O Estadão Verifica investigou uma publicação de um vídeo falso no YouTube acusando a prefeitura de Manaus de enterrar caixões vazios para “causar pânico entre as pessoas do Amazonas”. O vídeo creditava a emissora Bandeirantes pela denúncia. No entanto, a prefeitura de Manaus negou a informação e o canal de televisão também negou que tenha publicado esse conteúdo.
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