Circula nas redes sociais um vídeo que mostra pássaros sendo soltos de contêineres no mar. A legenda diz que as imagens provam que a China "soltou no mar milhares de pássaros de laboratório" para disseminar um "novo vírus". Na realidade, a gravação que viralizou é antiga e retrata uma corrida de pombos organizada na ilha de Taiwan.
Leitores pediram a checagem desse conteúdo por WhatsApp, 11 97683-7490 (clique aqui para enviar uma mensagem).
O Estadão Verifica identificou, por meio da ferramenta de busca reversa do Google (aprenda a usar), que o vídeo foi publicado no YouTube no dia 31 de outubro de 2017. A filmagem mostra o China International Pigeon Race, evento popular na região. No mesmo ano, gravações semelhantes foram publicadas no Facebook, por comunidades de columbófilos (criadores de pombos) de Taiwan.
Organizada desde o século 19, a corrida de pombos funciona da seguinte forma: as aves são soltas e a primeira que chegar ao destino que foi treinada (como um pombo-correio) vence.
No entanto, mesmo com sua popularidade, a prática é criticada por defensores dos direitos dos animais. Segundo a organização norte-americana Peta (sigla em inglês para Pessoas por Tratamento Ético a Animais), mais de 1 milhão de pombos-correio morrem todos os anos durante a temporada de corridas em Taiwan.
"Pássaros jovens -- que sequer completaram um ano de idade -- são enviados ao mar, soltos no meio do oceano e forçados a voar de volta para casa. Geralmente menos de 1% desses pássaros altamente inteligentes completam as séries de corrida -- muitos se afogam de exaustão, morrem nas tempestades ou são mortos por serem muito lentos", explica a ONG.
Os portais de notícia Insider e UOL mostram em reportagens que as aves alimentam um mercado milionário que envolve redes de apostas e leilões de pássaros campeões. No ano passado, um pombo de corrida foi comprado por US$ 1,9 milhão (o equivalente a R$ 10,5 milhões) durante um leilão na Bélgica.
Em dezembro de 2017, o mesmo vídeo foi usado para acusar o Greenpeace de ter feito a soltura das aves. Em suas redes sociais, a instituição alegou que não tinha nenhuma relação com a atividade apresentada no vídeo.
https://twitter.com/greenpeacebr/status/940220241212329984
Com mais de 100 mil compartilhamentos no Facebook, o conteúdo enganoso também foi desmentido pelas agências de checagem France 24, Aos Fatos, Boatos.org, Fato ou Fake e Agência Lupa.