A foto de um coração infectado foi compartilhada mais de 272 mil vezes no Facebook desde o dia 3 de março com a legenda: "quando você come muito a carne de porco teu coração fica assim". Mas a imagem não mostra um órgão humano, e sim um coração suíno com cisticercose -- infecção causada por um tipo de tênia (verme).
A imagem foi compartilhada inicialmente pela página "Anatomia é" em outubro de 2018, com legenda que informava se tratar de um "caso raro de cisticercose em coração suíno".
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), humanos podem pegar cisticercose ao ingerir carne suína infectada e mal cozida, ou água contaminada. As larvas da tênia podem se instalar em músculos, pele, olhos e no sistema nervoso central, causando sérios prejuízos à saúde.
Mas a doença tem tratamento e é prevenível. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (EUA) recomenda seguir regras de higiene básicas, como lavar as mãos após usar o banheiro e antes de comer; lavar bem vegetais e frutas antes de comê-los; e ingerir comida bem cozida e água potável. Segundo o CDC, a maior incidência da cisticercose é em áreas rurais sem saneamento básico.
A AFP também checou essa imagem.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.