Caso Rhuan: é falso o boato sobre ordem de soltura das acusadas de matar criança de 9 anos

Não consta nos autos do processo pedido de liberdade em nome de Rosana Auri da Silva Cândido e Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa; dupla continua presa em Brasília

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Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

Entrada da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, em Brasília, onde acusadas pela morte do menino Rhuan estão detidas. Foto: Google Street View / Reprodução

Um boato falso afirma que as duas mulheres acusadas de assassinar o menino Rhuan, de nove anos, teriam sido beneficiadas por uma ordem de soltura. A publicação viralizou nas redes sociais no último dia 12, acumulando quase 4 mil compartilhamentos em menos de 24 horas e provocando críticas a instituições de direitos humanos.

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O texto viral diz que um "Comitê de Direitos Humanos do Brasil" teria "expedido uma ordem de soltura" em nome de Rosana Auri da Silva Cândido e sua companheira, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, acusadas de assassinar o menino Rhuan, filho de Rosana. Segundo o texto, os autores do pedido argumentam que manter a dupla na prisão antes de julgamento seria uma medida "ineficaz".

As informações, no entanto, são falsas.

Não consta nos autos do processo judicial de Rosana e Kacyla qualquer pedido de liberdade apresentado perante à Justiça por nenhum comitê de direitos humanos. O caso segue no Tribunal do Júri de Samambaia e a última decisão judicial foi publicada no dia 1º, convertendo a prisão em flagrante da dupla em preventiva.

A consulta pública sobre o processo indica que, desde então, apenas uma única petição foi apresentada no caso antes de os autos serem remetidos ao Ministério Público, que deverá apresentar denúncia contra Rosana e Kacyla. Procurada, a promotoria disse que não consta no processo nenhuma solicitação de soltura.

"Uma possível solicitação de soltura das acusadas do homicídio do garoto Rhuan, originada por algum núcleo de direitos humanos por ameaças que estariam sofrendo na cadeia, não foi encontrada junto ao Inquérito Policial", afirmou o Ministério Público, em nota.

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O Estadão Verifica entrou em contato com a Defensoria Pública do Distrito Federal, que representou Rosana e Kacyla na audiência de custódia posterior à prisão em flagrante, mas o órgão informou que as mulheres são representadas por advogados particulares. Nos autos, ainda não consta o nome dos profissionais.

A Subscretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe) informou que as duas mulheres continuam presas, em celas separadas e sem contato com as demais detentas, na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colméia, em Brasília.

Agressões. Outro boato semelhante foi divulgado nos últimos dias informando que Rosana e Kacyla teriam sido "brutalmente espancadas" por outras detentas. A informação era creditada a "funcionários do Complexo Penitenciário da Papuda", em Brasília.

O boato falso, que nem sequer cita a unidade prisional correta, foi desmentido pela Sesipe, que informou não ter registro de agressões contra as duas mulheres.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Caso Menino Rhuan. O menino Rhuan, de nove anos, foi morto no dia 31 de maio pela própria mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, com auxílio de sua companheira, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa. As duas confessaram o crime e foram presas no último dia 1º em Samambaia, na região administrativa do Distrito Federal.

Na terça-feira, 11, a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu o inquérito sobre o caso, e Rosana e Kacyla foram indiciadas por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação de cadáver e fraude processual.

Segundo os investigadores, o menino Rhuan teria levado doze facadas, uma delas no peito enquanto dormia. Em seguida, ele teria sido decapitado ainda com sinais vitais presentes e então esquartejado. Membros da criança foram colocados em duas mochilas infantis - uma delas foi jogada em um bueiro em Samambaia.

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De acordo com a polícia, os crimes teria sido motivados por fanatismo religioso e "um profundo ódio pela criança, que representaria o passado afetivo da mãe".

Este boato foi sinalizado para checagem por meio da parceria entre o Estadão Verifica e o Facebook. A publicação falsa sobre agressões também foi verificado pelo Holofote, núcleo de checagem do jornal Correio Braziliense. Ouviu algum boato? Encaminhe para o WhatsApp do Estadão Verifica pelo número (11) 99263-7900.

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