Após revelar mensagem de Bolsonaro, jornalista do 'Estado' é alvo de montagem com falsos diálogos no WhatsApp

Conversa forjada mostra 'acerto' entre Vera Magalhães e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; falsificação é usada para tentar reduzir impacto de reportagem que revelou o envolvimento do atual presidente na convocação de manifestações contra o Congresso

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Por Tiago Aguiar
Atualização:

Uma falsa troca de mensagens, feita com intuito de difamar a jornalista Vera Magalhães, colunista do Estado, circula pelas redes sociais nesta quarta-feira, 26. A montagem foi divulgada pela página do Movimento Avança Brasil, um dos grupos que convocam a população para manifestações contra o Congresso Nacional e em defesa do presidente Jair Bolsonaro, em março.

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A montagem que circula nas redes mostra um falso diálogo entre a jornalista e o ex-presidente

Fernando Henrique Cardoso. A troca de mensagens falsificada sugere um acordo para o que ex-presidente ajudasse a ampliar a repercussão de uma reportagem da jornalista. Na terça-feira, 25, Vera Magalhães publicou texto revelando que Bolsonaro usou seu celular pessoal para compartilhar um vídeo de convocação das manifestações contra o Congresso. A revelação gerou constrangimentos para o presidente - juristas e parlamentares chegaram a apontar crime de responsabilidade no ato. Assim como várias outras personalidades do mundo político, FHC comentou o caso no">">Twitter. Alguém se valeu desse fato para inventar que o comentário do ex-presidente teria sido incentivado por Vera, o que não ocorreu. Aliados de Bolsonaro ajudaram a espalhar a falsidade com o objetivo de atacar a credibilidade da jornalista e procurar reduzir o desgaste do presidente no episódio.

Além de ser alvo da montagem, Vera foi atacada nas redes sociais  por diversos perfis de simpatizantes de Bolsonaro, entre eles a deputada federal Alê Silva (PSL-MG). Além das mensagens fraudadas, circulou pelas redes uma cobrança de 2015 do colégio onde estudam os filhos de Vera, expondo, dessa forma, a família da jornalista.

A jornalista do Estado Vera Magalhães Foto: Estadão

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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