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Bastidores da política e da economia, com Julia Lindner e Gustavo Côrtes

Para líderes do Congresso, Bolsonaro perde ao não condenar ataques russos à Ucrânia

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Por Camila Turtelli e Matheus Lara
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro em encontro com Vladimir Putin, em Moscou, em 16 de fevereiro. Foto: Alan Santos/Planalto

O silêncio do presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas após os ataques russos à Ucrânia pode lhe custar apoios e votos, na avaliação de lideranças do Congresso. Parlamentares cobraram uma posição mais enfática do governo. O presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), conversou ao longo do dia com o ministro da pasta, o chanceler Carlos Alberto França, e pediu uma posição mais dura, condenando os atos. "Bolsonaro perde um espaço enorme", disse Aécio à Coluna. Para ele, não há por que temer retaliação da Rússia, já que os esforços de Vladimir Putin estarão concentrados mais na guerra e menos em possíveis acordos com outras nações.

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DRIBLE. Já diplomatas brasileiros ouvidos pela Coluna avaliam que a primeira nota do governo sobre os ataques russos à Ucrânia, em que o Itamaraty pede a "suspensão de hostilidades", representa uma vitória do ministro Carlos França sobre Jair Bolsonaro, que havia falado em "solidariedade" a Putin durante a ida ao país.

FIQUE DE OLHO. No Itamaraty, contudo, há ainda o temor de que o presidente se pronuncie de maneira irresponsável por questões ideológicas, contrariando a tradição diplomática do País, que historicamente defende soluções pacíficas.

VAI FALTAR? A guerra pode ainda ter efeitos para o agronegócio brasileiro, dependente do fertilizante russo. "Há uma preocupação com a interrupção do fornecimento", disse a presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Vendramini, à Coluna.

BINGO. Na bronca com Ricardo Barros (PP-PR), o líder do governo na Câmara, por ter liberado a bancada na votação sobre os jogos de azar no Brasil, a bancada evangélica teve um dia de "desabafos" em seu grupo de WhatsApp.

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CLICK. Vladimir Putin, presidente da Rússia

 

Autocrata russo (dir.) aparece recebendo afago de Adolf Hitler em charge publicada na conta oficial do governo ucraniano no Twitter.

DEU ZEBRA. Aliados de Bolsonaro, Otoni de Paula (PSC-RJ), Marco Feliciano (PL-SP) e Sóstenes Cavalcante (União-RJ) não esconderam o sentimento de que foram "sabotados" por parte da liderança do governo. Barros prometeu que o presidente vetará o projeto, se aprovado no Senado.

ALL-IN. Sóstenes deixou claro que não vê mais Barros como interlocutor do governo na Câmara. "Enquanto eu for presidente, a Frente Parlamentar Evangélica não vai pedir nada ao presidente. Se ele quiser, ele nos peça ajuda. Estaremos ao lado dele, desde que ele peça."

DEU PRA TI. Demonstrando publicamente insatisfação com Jair Bolsonaro, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), dá sinais cada vez mais claros de desembarque da base do governo.

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CÁLCULOS. Marcos Pereira tem trabalhado nos votos e nomes mirando a formação da nova bancada do partido no Congresso e é um dos poucos que não cogitaram formar qualquer tipo de federação com outra sigla até o momento.

SINAIS PARTICULARES (por Kleber Sales). Marcos Pereira, deputado federal (Republicanos-SP)

 

PRONTO, FALEI! Angelo Coronel, senador (PSD-BA)

 

"Triste e assustador que em pleno século 21, em meio a uma pandemia que ceifou milhões de vidas no mundo inteiro, tenhamos uma guerra. Todos perdem."

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