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Relator da CPMI da JBS admite convocar delatados, mas descarta ouvir Temer

Na reunião da comissão há 118 requerimentos, incluindo a convocação de delatores e de Janot; aliado do presidente, Marun diz que não 'não é sua intenção' convidá-lo;

Por Thiago Faria
Atualização:

BRASÍLIA - Relator da CPMI da JBS, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) confirmou nesta quarta-feira, 20, que a comissão pode vir a ouvir alguns dos implicados na delação premiada de executivos do grupo J&F, embora esta não seja a prioridade. 

Deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

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Em entrevista ao Estado, o presidente do colegiado, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse que o ex-deputado e ex-auxiliar do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, e o senador Aécio Neves, citados na colaboração premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, devem ser chamados para prestar esclarecimentos.

"Os delatados podem vir a ser ouvidos. Nós temos que avançar, que começar. Temos um tempo que gostaria até que fosse mais breve. Estamos estabelecendo um plano de trabalho no sentido de que nenhum requerimento seja reprovado", disse Marun ao chegar a reunião que deve analisar parte dos requerimentos de convocação.

Loures foi preso após ser flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil, em junho, mas no mês seguinte foi solto por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O dinheiro, segundo os delatores, era propina que havia sido negociada com o próprio presidente.

Questionado se pretende chamar também Temer, porém, o deputado descartou. "A princípio, salvo se aparecer algum tipo de prova inequívoca de ato ilícito, não é minha intenção convidar o presidente", afirmou.

Na pauta da reunião desta quarta-feira, a terceira da CPMI, há 118 requerimentos, incluindo a convocação de nomes como o dos delatores e de envolvidos na delação, como o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 

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A prioridade da CPMI, no entanto, será ouvir o ex-procurador Marcello Miller, suspeito de fazer "jogo duplo" durante a negociação do acordo da JBS, e o procurador Ângelo Goulart, preso após suspeitas de ter vendido informações a investigados.

"Vamos chamar procuradores e ex-procuradores da República que participaram oficial e não oficlamente desta tratativas, devem ser chamados delegados da PF que conduziram algumas das operações que tem a ver com a questão, executivos do BNDES, executivos do JBS, além de pessoas que tiveram a ver com a operação de alguma forma", disse Marun.