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‘Não só Lula, mas ninguém passa votos’, diz novo porta-voz da Rede

Pedro Ivo considera que Marina Silva pode herdar eleitorado petista caso se confirme a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, nas eleições de outubro

Por Marianna Holanda
Atualização:

Eleito neste domingo, 8, por aclamação, o novo porta-voz da Rede, Pedro Ivo considera que a presidenciável do partido, a ex-ministra Marina Silva, pode herdar o eleitorado petista caso se confirme a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, nas eleições de outubro. Para Ivo, “não só o Lula, mas ninguém passa seus votos”.

Pedro Ivo, porta-voz da Rede Sustentabilidade Foto: Leo Cabral

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Segundo o dirigente, o principal diferencial da Marina de 2018 para a Marina de quatro anos atrás é que neste ano o programa e a campanha não serão de uma grande coligação, como o foi em 2014. “Terá mais o jeitão da Rede: horizontal, participativo e democrático”. 

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Amigo pessoal de Marina desde os 25 anos, quando militou ao seu lado no PT, Ivo ajudou a fundar a Rede e hoje também coordena as articulações políticas de sua campanha. Ele defende a luta pela “justiça social” e por um Estado forte, mas não “ideologizado”. O porta-voz foi eleito para presidir a sigla ao lado da professora Laís Garcia.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista ao Estado:

Qual a principal diferença de marina 2014 para marina 2018? Tem muitas diferenças. A primeira, é que 2014 foi uma composição. Quando você faz uma composição, o programa e a forma de governar são da composição. Mesmo a Marina sendo vice e depois presidente, não era o programa da Rede. Teremos um programa, uma campanha mais próxima da Rede, esse jeitão Rede. Mais horizontal, mais participativo, mais democrático. Segundo, ela está bem mais preparada que em 2014. Nós subestimamos a maldade dos adversários. A gente não acreditava que os partidos que se dizem progressistas, afinal de conta PT e PSDB se reivindicam progressistas, democráticos, usassem desses artifícios de desconstrução como foi feito com a Marina. Ela está muito mais preparada.

Como vocês vão fazer agora que a janela partidária terminou e vocês têm apenas dois parlamentares? A presença de Marina nos debates de TV não está mais garantida. Primeiro, eu não acredito que a gente esteja fora do debate. Com a tendência que ela tem de crescer cada vez mais, é uma candidata relevante para sociedade. E os meios de comunicação têm a obrigação de informar bem o seu público e uma candidata relevante não pode ficar de fora. Os governadores correm mais perigo, mas na Rede não está proibido fazer coligação.

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Com quem vocês devem coligar, então? Tem gente boa em todos os partidos. A gente tá construindo nos Estados e até em nível nacional a gente pretende fazer aliança. A nível nacional, não vamos coligar com partidos da polarização, MDB, PT e PSDB, e não vamos coligar com partidos de ideais fascistas, antidemocráticos, como o PSL, que apoia o (Jair) Bolsonaro (deputado federal e pré-candidato). Temos conversado com praticamente todo mundo, mesmo que não saia uma aliança, às vezes é para definir algumas estratégias políticas de luta da sociedade. Então conversamos com o PPL, com o PV, PSB, PMN, não tem muita restrição a conversa. A nossa aliança é sempre programática e em cima da realidade estadual, porque o Brasil é muito diferente de um Estado pro outro. A gente orienta a não fazer aliança com partidos da polarização, mas dependendo do Estado pode haver exceção. 

O discurso da terceira via, em contraponto à suposta polarização do PT e do PSDB, não está prejudicado? Polarização pode mudar de rótulo, mas continua com posições muito extremistas. Podem não tá mais no PT e no PSDB, mas pode se deslocar para outras candidaturas, mantendo essa mesmo sentido. É a isso que a gente se contrapõe. Hoje claramente temos o Bolsonaro, na extrema-direita, e a candidatura da polarização à esquerda ainda está sendo gestada. Até porque a coligação que apoiava o PT está totalmente dividida, eles têm vários candidatos. Mas alguém vai se estabelecer na tentativa de herdar esse discurso de dividir o Brasil, que não ajuda em nada a nação.

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Como o sr. vê a possível candidatura do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa? É do jogo democrático, os partidos têm o direito de ter os seus candidatos, de disputar e é no primeiro turno assim mesmo. É o momento dos partidos apresentarem suas propostas, seus pertences. No segundo turno, os mais próximos vão se aliar. Barbosa é uma pessoa decente e a gente espera que seja mais um a contribuir com o debate democrático. Nossa dificuldade é com candidaturas autoritárias. Brasil é uma democracia jovem, que não precisa de extremismos, que não aceite que a lei seja para todos. O Brasil precisa ter instituições duradouras, estabilidade no processo político. 

Como vocês poderiam atrair o eleitorado petista? Eu não acredito que o eleitor é cativo de alguém. Não só Lula, mas ninguém passa seus votos. Só aquela parcela que é o voto engajado, do filiado. Acho que se o Lula não for candidato, o PT vai herdar parte dos votos, com os petistas orgânicos, e outros segmentos poderão trazer esses eleitores mediantes um programa. Nós temos dois elementos fortes (no programa): primeiro, trabalhamos muito a ideia de acabar com as desigualdades, (de fazer) justiça social; segundo, uma economia, que não é nem da direita, nem da esquerda. Não consideramos a visão do Estado uma ideologia, como a polarização encara. Acreditamos num Estado forte, mas que investe na criatividade da economia. Economia não deve ser nem estatizante, nem liberalizante, mas o que é necessário para aquela gestão daquele período. Marina gosta de dizer que o Plano Real foi muito importante para o País e que as políticas sociais, do governo Lula, foram muito importantes. Teriam sido mais ainda se tivessem tornado política de Estado, não só política compensatórias.

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