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Magno Malta ameaça processo após TV Senado se negar a mostrar nudez

Senador pediu que a transmissão da emissora pública exibisse, em close, imagens de pessoas nuas que, segundo ele, foram exibidas em uma exposição de arte em que era permitida a presença de crianças

Por Thiago Faria
Atualização:

BRASÍLIA - O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou nesta quarta-feira, 18, que vai processar a direção da TV Senado e toda a equipe de comunicação da Casa após a transmissão da emissora pública não mostrar, em close, imagens de pessoas nuas. As imagens, segundo ele, foram exibidas em uma exposição de arte em que era permitida a presença de crianças.

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+++ 'O nu na arte é presente em todos os museus do mundo', diz curador do MAM “Isso aqui é arte? É uma imagem de Nossa Senhora no pênis dele. Olha aqui, isso é uma imagem de Nossa Senhora, e isso aqui é um símbolo caro da Igreja Católica, para os católicos, é um símbolo sagrado para os católicos”, afirmou ele, que presidia a sessão no momento, por volta das 20h. As fotos de pessoas nuas eram exibidas em dois cartazes segurados por Malta na mesa do Senado. Ao lado, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Senador Magno Malta (PR-ES). Foto:  

“Dá o close aqui. Dá o close aqui”, insistiu Malta por algumas vezes, sem ser atendido. “Eu eu vou ter que representar contra os funcionários? Eu vou entrar com uma representação contra a diretora da TV Senado?”, questionou. Após alguns minutos, ao ser avisado pelo senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) que não havia sido atendido, voltou a ameaçar. “Eu gostaria de pedir à minha assessoria jurídica que fizesse uma representação contra a direção de comunicação desta Casa e farei uma representação criminal. O que vocês estão fazendo é criminoso, vocês são servidores públicos. Isso aqui está na exposição. Isso aqui está para as crianças verem. Isso aqui está na rede social. Eu vou representar contra vocês, vou representar contra vocês. E vou representar contra vocês todos, todos, todos”, disse.

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+++ Análise: Assumir a condição humana é perigoso na era da intolerânciaCONTRA REGIMENTO A sessão que Malta presidia estava esvaziada, com apenas Lopes e o senador José Medeiros (Podemos-MT) no plenário, além de cinco deputados da bancada evangélica da Câmara.

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+++ Malta tenta cantar na tribuna e é interrompido por Lewandowski Malta então, permitiu que os deputados também discursassem no plenário do Senado, o que é proibido pelo Regimento Interno da Casa. “Sou daqueles que entendem que há momentos na vida em que a graça é maior do que a lei. O Regimento Interno diz que deputado não pode falar aqui e diz que quando você quebra o Regimento Interno você o infringe e pode parar na Comissão de Ética. Eu pagarei o preço”, disse Malta. Logo após o primeiro começar a falar, o deputado Eros Biondini (PROS-MG) começar a falar, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), entrou no plenário e pediu que Malta encerrasse a sessão, o que foi feito. “Estou ciente da minha rebeldia, ainda que alguma coisa possa acontecer com ela”, disse Malta antes de declarar a sessão encerrada. Procurado, Eunício disse, por meio de sua assessoria, que a direção da TV Senado agiu corretamente ao não mostrar em close as imagens de nudez exibidas por Malta no plenário.

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