Gilmar Mendes é 'homenageado' em marchinhas de Carnaval

Músicos se inspiram no noticiário para o Carnaval 2018; 'Alô, alô Gilmar/eu to em cana,/vem me soltar', diz um trecho da canção

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Por Gilberto Amendola
Atualização:

O japonês da federal e o prefeito de São Paulo João Doria são personagens do carnaval que passou. O muso dos compositores de marchinhas agora é outro: “Ele é uma figura que está no jornal diariamente. A gente acorda com ele quase todos os dias”, disse João Roberto Kelly, 79 anos, ao se referir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Gilmar Mendes.

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O ministro foi “homenageado” em pelo menos três novas marchinhas. Kelly, que é autor de clássicos como “Cabeleira do Zezé” e “Mulata Iê-Iê_Iê”, lançou “Alô, Alô Gilmar” ( “Alô, alô Gilmar/eu to em cana,/vem me soltar...). Já os Marcheiros saíram com “Gilmar Soltou A franga” (“Gilmar soltou/Soltou a franga/Largou a “tonga”/E agora só anda de tanga...).

O grupo Orquestra Royal também vai repetir o tema com “A Dancinha da Tornozeleira” (Começou o carnaval do Gilmar/Liberou a brincadeira/Quero ver quem vai dançar/A dancinha da tornozeleira...).

A inspiração, é claro, vem dos últimos habeas corpus concedidos pelo ministro, como no caso do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho; do ex-ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues, presidente do PR; e o empresário Jacob Barata Filho, o ‘rei do ônibus’. “A gente vive uma época do polarizada, tão direita e esquerda, que o Gilmar Mendes é o único personagem que pode unir todas as tribos. Ele pode ser motivo de brincadeira para quem está de qualquer lado do embate político”, disse Thiago de Souza, um dos compositores dos Marcheiros.

Kelly enxerga potencial em Gilmar Mendes, mas diz não saber se a marchinha sobre o ministro irá se eternizar como “Cabeleira do Zezé” é outras. Para ele, o segredo do sucesso é acertar na dose da crítica. “É uma brincadeira de carnaval, não pode ofender e nem passar dos limites. A marchinha pode tudo, mas sem ser agressivo”.

A assessoria do ministro foi procurada pela reportagem para comentar o conteúdo das marchinhas que levam o seu nome. Até o momento não houve resposta.

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Outros. Além do ministro, outras figuras públicas já estão na boca dos carnavalescos. O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o Prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella têm suas próprias marchinhas. A Orquestra Royal lançou no início da semana o “Bolsomico”, cujo o refrão bate forte no candidato: “É melhor Jair, já ir embora, sair correndo para a aula de história...”. O compositor Vitor Velloso comenta a reação dos eleitores de Bolsonaro à homenagem. “Muitos dos seguidores do Bolsonaro têm nos pedido pra fazer música sobre o Lula e Dilma também. Já fizemos várias. Já rimos de Aécio, Lula, Dilma, Temer... é mais divertido quando não se poupa ninguém. Nosso único foco é mirar em quem tem poder.”

Já os Marcheiros citam Bolsonaro para criar um hino contra a polarização política nesse carnaval: “É bom Jair me desculpando/ Eu não quero confusão/Já que não sou partidário/Dessa polarização!/Sou um pouco saudosista/Mas não acho tão legal/Requentar a guerra fria/Em pleno carnaval!” . “No carnaval, precisamos superar essa polarização. Está ficando chato. Temos que ter o direito de brincar com todo mundo sem fazer disso uma guerra”, fala Thiago Souza.

No Rio de Janeiro, Crivella será um hit. Evangélico, o prefeito já fez declarações pouco simpáticas à folia carnavalesca. Por isso, os Marcheiros lançaram uma marchinha em que o próprio Deus pede para o político aliviar para o pessoal que gosta de carnaval. “Marcelinho, não fique assim/Quarta de cinzas a folia chega ao fim/Marcelinho, não fique p#$%*/Que até à Páscoa eles voltam para o culto...”

Em 2015, o grande personagem das marchinhas foi o “Japonês da Federal” ,o agente da PF Newton Ishii (“Ai meu Deus, me dei mal, bateu a minha porta o japonês da federal...). No ano passado, o herói das marchinhas foi o prefeito de São Paulo João Doria ( “Eu já te vi de jardineiro, de pintor e de Gari. Só de prefeito, eu confesso, ainda não vi...”)

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