PUBLICIDADE

Temer sabe que impeachment é 'golpe', diz Lula; vice rebate

Posse de ex-presidente foi suspensa por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes; ex-presidente também criticou a oposição e disse que Temer sabe que se assumir será "um golpe"

Por CARMEN POMPEU e ana fernandes
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "como constitucionalista", o vice-presidente Michel Temer sabe que "impeachmet é um golpe". O petista participou nesta manhã de um ato em defesa do governo Dilma Rousseff, na capital cearense.

PUBLICIDADE

A um público vestido de vermelho, com bandeiras do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Lula criticou a oposição que quer destituir a presidente e disse que, se Temer assumir, será um golpe. "A nossa resposta a ser dada aos opositores é garantir a governabilidade de Dilma", afirmou.

O ato, intitulado "Ceará com Lula", foi organizado pela Frente Brasil Popular - Ceará e pelo diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-CE).

 A assessoria de imprensa do vice-presidente divulgou nota oficial em resposta às afirmações de Lula: "Justamente por ser professor de direito constitucional, Michel Temer tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil", diz a nota. Procurada pela manhã, a assessoria tinha informado que não iria comentar as declarações.

Ex-presidente é saudado ao chegar a evento em Fortaleza Foto: Carmen Pompeu|Estadão

Em um discurso carregado de emoção, Lula abriu falando sobre a chuva que caía forte sobre a Praça. "Mesmo que não tivesse o ato, só a chuva que Deus mandou já valeria a pena", comentou.

Em seguida, ele falou sobre o "clima de ódio" que o Brasil vive. "Tenho 50 anos de política e nunca vi um clima de ódio estabelecido no País como vejo agora. Essa gente que vai para a manifestação vestido de verde e amarelo tem que saber que o povo, que está aqui na rua, é um povo trabalhador e pede que respeitem apenas uma coisa: o voto popular que elegeu a Dilma".

Contatada pela reportagem, a assessoria de Michel Temer disse que o vice-presidente prefere não comentar as menções de Lula a ele.

Publicidade

Ministério. Lula disse que, na próxima quinta-feira, 7, deve assumir o ministério da Casa Civil, mostrando-se confiante em uma liberação do Supremo Tribunal Federal para a sua posse. "Na próxima quinta-feira, se tudo der certo, se a Corte Suprema aprovar, eu estarei assumindo o Ministério. Eu volto para ajudar a companheira Dilma", afirmou. Ao dizer isso, Lula recebeu um grande aplauso da plateia, na Praça do Ferreira, centro histórico de Fortaleza. A fala foi o ponto alto do discurso de quase 30 minutos, em que Lula se mostrou bastante rouco.

Até o momento, no entanto, a ida do petista para a Casa Civil está suspensa por uma decisão liminar (provisória) do ministro Gilmar Mendes. A previsão é de que o STF julgue a situação do ex-presidente em plenário, o que deve ocorrer na próxima semana.

Os organizadores estimaram a quantidade de pessoas no ato em 50 mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, eram entre 10 mil e 12 mil.

Desembarque. Nesta semana, o PMDB, presidido por Temer, anunciou o desembarque do governo e a entrega dos cargos ocupados por integrantes do partido. A decisão, contudo, não teve apoio integral da legenda. Apenas um dos sete ministros deixou a pasta que ocupava (Henrique Alves, do Turismo) e um dos caciques peemedebistas, Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, disse publicamente que a medida foi precipitada. A decisão levou o governo a negociar cargos com os partidos menores e evitou assim a debandada imediata da base aliada, enfraquecendo o movimento pelo impeachment. Após o anúncio do PMDB, ganharam força também manifestações contra o vice-presidente. Na sexta-feira, o ex-ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT), protocolou na Câmara um pedido de investigação e impeachment baseado em citações contra Temer nas investigações da Operação Lava Jato. Temer reagiu dizendo que se tratava de "notícias velhas" e "equivocadas". Ontem ainda, mais tarde, o STF divulgou por engano uma minuta determinando que o presidente da Câmara Eduardo Cunha aceite um pedido de impeachment, este solicitado anteriormente por um advogado mineiro, contra o vice-presidente e instale comissão para analisar o caso. O Supremo disse que houve um "erro de comunicação".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.