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Dilma quer vencer guerra da comunicação no jogo do impeachment

Governo está convencido de que está perdendo batalha e que Planalto e presidente estão sob fogo cruzado por estarem fazendo um 'toma lá da cá' para se manter no poder

Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff, na manhã desta terça-feira, 5, de que não vai fazer reforma ministerial antes da votação do processo de impeachment, no plenário da Câmara, foi uma resposta do governo às tentativas de que ela estaria “comprando” votos dos parlamentares para votarem contra o impeachment. O governo está convencido de que está perdendo esta guerra da comunicação e que o Planalto e a presidente estão sob fogo cruzado por estarem fazendo um “toma lá da cá” para se manter no poder.

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O governo começa então a fazer uma guerra de contra-informação sob argumentação de que, da mesma forma que o Planalto faz alianças com os partidos da base, o vice-presidente Michel Temer, com a ajuda da Fiesp, estaria também procurando os parlamentares, para assegurar que eles terão espaço no novo governo, que poderá vir com o PMDB. O governo quer rechaçar que tudo o que faz é irregular ou ilegal e seus adversários, ao contrário, fazem tudo certo. “Por que o Planalto estaria comprando votos para derrubar o impeachment e o Temer está negociando uma legítima reforma ministerial para um governo do PMDB? Isso não é possível. Está errado. Essa guerra está sendo desigual”, desabafou um interlocutor da presidente.

Além disso, o governo recebeu informações de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está ameaçando deputados do PP dispostos a votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A chantagem envolveria o Conselho de Ética da Câmara.

A notícia que chegou ao Palácio do Planalto é que Cunha avisou a deputados do PP que têm nomes citados na Operação Lava Jato que podem se preparar para enfrentar processos de cassação do mandato no Conselho de Ética, caso apoiem Dilma. Até agora, apenas Cunha enfrenta esse processo, mas ele teria feito chegar aos colegas que várias representações chegariam ao Conselho de Ética se eles votassem contra o impeachment. Cunha nega a ameaça.

Apesar da declaração de Dilma de que não tem reforma ministerial agora, esta decisão de adiar a decisão de fazer mudanças na Esplanada ainda divide o governo. O próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria dito que estas substituições já deveriam ter sido feitas. Nesta terça, este assunto será novamente tratado em nova reunião de Dilma e Lula. Os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini também participam das discussões.

De acordo com um assessor palaciano, a presidente Dilma, ao anunciar que não fará mudanças agora na Esplanada demonstrou estar muito segura do que estava dizendo, e até de que poderia ter o número de parlamentares que derrubam o impeachment. esta é uma outra disputa acirrada, a daguerra de números a favor e contra o impeachment, que também toma conta dos dois lados. Os próprios partidos estão receosos de apresentar estes números porque não tem segurança deles.No governo, a expectativa é que esta declaração de Dilma acalme a disputa por espaço na esplanada.

Nos próximos dias, Dilma continuará a tentar virar a batalha da comunicação, apresentando diuturnamente a sua defesa, repetindo que tentar tirá-la do governo para o qual ela foi legitimamente eleita até 31 de dezembro de 2018 é golpe. Mas, nas inúmeras cerimônias marcadas para os próximos dias, Dilma e seus ministros trabalharão para desvincular do governo as denúncias de corrupção que a oposição tem tentado selar no Planalto.

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