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Dilma afirma que governo Temer transformou CGU em ministério para 'tornar obscura a transparência'

Em lançamento de livro em Brasília, presidente afastada voltou a acusar o governo interino de aplicar 'golpe' na democracia'

Por Igor Gadelha
Atualização:
A presidente afastada,Dilma Rousseff, em evento em Brasília Foto: Evaristo Sá/AP Photo

BRASÍLIA - A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou na noite de segunda-feira, 30, que a demissão do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixou claro o objetivo do governo Michel Temer de tornar "obscura" a transparência do governo federal.

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"Nós nunca tivemos um ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) afastado. O nosso ministro da CGU nunca deixou de fazer sua função que é a transparência do governo", afirmou a petista durante evento de lançamento do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", na Universidade de Brasília (UnB).

Silveira apresentou carta de demissão nesta segunda-feira, após divulgação de áudios nesse domingo, 29, pela TV Globo, em que ele orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre como agir nas investigações da operação Lava Jato. Foi o segundo ministro de Temer a cair desde que ele assumiu o governo interinamente.

Para Dilma Rousseff, a demissão do ministro deixa claro o real objetivo que levou Temer a transformar a CGU em Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle. "Primeiro pensei que era uma jogada de marketing. Agora tenho certeza que o objetivo era tornar obscura a transparência", afirmou a petista. 

Parasita. Durante o evento em Brasília, Dilma também afirmou que uma "árvore democrática" sendo destruída por "parasita" é um exemplo do "golpe" do qual ela diz ser alvo, assim como a imagem de uma árvore cortada por um machado foi o símbolo do golpe militar de 1964.

"Esse é um golpe que se torna diferente pelo fato de que não interrompe o processo democrático, ele corrói o processo democrático. (...) É como se tornasse um parasita que vem por dentro desse processo isolar. Mas do que isolar, vem transformar esse momento democrático que o Brasil vive desde a volta da democracia", disse a petista a uma plateia de professores e estudantes, sem mencionar diretamente quem seria o "parasita".

"A árvore democrática sendo destruída por um parasita é um exemplo desse golpe. Por isso, temos que lutar contra esse golpe", declarou. Para a petista, o "golpe" tem dois motivos claros: um é "parar a (Operação) Lava Jato". "O outro motivo é impedir que continuemos com nossa política de inclusão social", acrescentou a presidente afastada.

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Dilma afirmou que as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (PMDB)mostram que os articuladores de seu impeachment querem "evitar" que seus crimes sejam desvendados, "que aquilo que foi feito e que foi objeto de práticas irregulares, ilegais e corruptas seja desmascarado". 

Em sua fala, a presidente afastada também criticou anúncios feitos pelo governo Temer desde que ele assumiu a presidência interina. Para ela, a decisão de não contratar mais médicos estrangeiros significa "um grande preconceito contra médicos cubanos". Ela criticou também fala do ministro da Saúde, Ricardo Barros, de que o SUS "não cabe no Orçamento". "Isso significa alijar uma parte da população do acesso à saúde", disse.

Dilma disparou críticas ainda à decisão do Ministério das Cidades de Temer de acabar com o "Minha Casa, Minha Vida" Entidades, voltado para os movimentos sociais. Para a petista, a decisão "demonstra absoluto desconhecimento da história", pois, segundo ela, essa modalidade do programa foi criada por meio de projeto de Lei de iniciativa popular que movimentos por moradia articularam.

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"O mesmo se diga do Bolsa Família. Focar significa corta daqui, corta dali e fica 5%, que são 10 milhões de pessoas", afirmou. A petista criticou ainda o fato de Temer não ter colocado nenhuma mulher para ocupar cargo no primeiroe escalão. Para ela, esse fato demostra que a administração do peemedebista é um governo de "homens brancos, velhos e ricos". 

Dilma ainda pediu que os militantes enfrentem o processo de impeachment com "coragem", pois os articuladores de seu impeachment tem um "conjunto de armamentos sofisticados": apoio da "grande imprensa", de alguns segmentos empresariais e, do parlamento brasileiro. "Não podemos esquecer que o Eduardo Cunha (presidente afastado da Câmara) está cada dia mais vivo e sobrevivendo", disse.