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Casos com foro especial serão avaliados um a um, dizem especialistas

Principal polêmica gira em torno da definição do que é crime cometido em razão do cargo ou não

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Por Daniel Weterman
Atualização:

SÃO PAULO - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) terão de decidir individualmente se os casos que estão atualmente na Corte devem ser remetidos para a primeira instância, com base no resultado do julgamento que restringiu a extensão da prerrogativa para deputados e senadores.

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A avaliação é de especialistas ouvidos pelo Estadão Broadcast, para os quais a análise que terminou nesta quinta-feira deve intensificar o debate sobre o foro assegurado a outros políticos.

O STF concluiu na quinta-feira, 3, o julgamento que restringiu o foro privilegiado no caso de deputados federais e senadores, determinando sua aplicação para crimes cometidos durante o exercício do mandato e relacionados às funções desempenhadas, conforme tese do ministro Luís Roberto Barroso. O Supremo decidiu que os casos em que ainda não houve intimação para alegações finais das partes devem sair do STF imediatamente.

Dependendo do caso, políticos poderão entrar com recurso no STF questionando a perda do foro privilegiado. Foto: Wilson Pedrosa/Agência Estado

A principal polêmica, porém, gira em torno da definição do que é crime cometido em razão do cargo ou não. "A primeira grave consequência é saber o que é crime relacionado ao mandato, a discussão vai ter que ser feita caso a caso e isso não necessariamente acontecerá rapidamente", diz o constitucionalista Daniel Falcão, professor da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

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O próprio ministro Barroso admitiu, após o julgamento, que a restrição do foro privilegiado para parlamentares deixa "muitas situações em aberto". Dependendo do caso, alerta Daniel Falcão, políticos poderão entrar com recurso questionando a perda do foro privilegiado.

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"A prerrogativa de foro for restringida de uma forma que vai gerar discussão, casos polêmicos e que ainda vai sobrecarregar o STF com este tipo de problema que é saber se um crime é relacionado com o mandato", argumenta.

+ OAB diz que não basta reduzir foro, ‘outras regalias precisam ser extintas’ Já para a procuradora federal Silvana Batini, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio, as questões que provocarem dúvidas serão discutidas pontualmente.

"A fixação desse princípio resolve a maioria das questões no STF, eventual vai surgir uma ou outra dúvida que vai ser pontualmente resolvida", afirma.Ela comenta que o Supremo não alterou a norma constitucional que institui o foro privilegiado, mas apenas deu um direcionamento à interpretação da lei.

Outros cargos. Os dois especialistas concordam ao dizer que a tese fixada pelo Supremo deve ser estendida para outros cargos com foro no Supremo, além de deputados e senadores, e para políticos e servidores públicos com a prerrogativa em outros tribunais.

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"Eu prevejo uma reorganização geral não só no Supremo, mas em outros tribunais, porque o entendimento foi a fixação de alguns princípios sobre o foro que podem ser utilizados em outras instâncias", afirma a procuradora.

Daniel Falcão ressalta ainda a sociedade deve pressionar por uma ampliação na restrição. O Congresso discute emendas constitucionais para acabar com o foro privilegiado. Com a intervenção federal no Rio de Janeiro, porém, não é possível promover alterações na Constituição. "Assim que puder, o Congresso vai colocar o dedo", comenta.

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