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Ato pró-governo quer 'isonomia' na Paulista

Organizadores da manifestação desta sexta-feira cobraram providências da Secretaria de Segurança Pública; prefeitura teme confrontos

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo
Atualização:

Palco de seguidas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff nos últimos dias, a Avenida Paulista vai receber nesta sexta-feira, 18, o primeiro grande ato de apoio ao governo após a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os organizadores temem possíveis hostilidades por parte de manifestantes antipetistas e confrontos na via.

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Até o fim da noite desta quinta, milhares de manifestantes pró-impeachment permaneciam acampados na avenida e não haviam sido removidos do local. Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin recebeu líderes de movimentos do Fora Dilma e garantiu que não haveria protesto a favor da presidente e do PT no mesmo local.

Diferentemente do que fez na semana passada, quando estimou que 1 milhão de pessoas iriam no domingo para a Avenida Paulista pedir o impeachment, desta vez a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo preferiu não fazer previsões para o ato de amanhã contra o impedimento de Dilma.

Já os organizadores – CUT, UNE, MST e CMP, além de partidos de esquerda – estimam que entre 100 mil e 150 mil pessoas irão ao ato. Estão previstas manifestações em 47 cidades, o que inclui todas as capitais.

Dirigentes das entidades se reuniram nesta quinta-feira com o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e cobraram isonomia no tratamento dado ao ato desta sexta em relação a manifestação de domingo. “Na semana passada, o governador e o secretário deram entrevista coletiva dizendo que os manifestantes poderiam ir tranquilamente à manifestação que ocorreu no domingo. Deixaram de fazer isso agora e nós cobramos”, afirmou Emídio de Souza, presidente do PT paulista.

Na quinta-feira da semana passada, Alckmin e Moraes receberam líderes do Movimento Brasil Livre e deputados de oposição no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e concederam entrevista coletiva ao lado deles. A reunião desta quinta com as entidades não foi divulgada pelo governo e o secretário optou por não conceder entrevista.

Em nota oficial, a secretaria informou que o efetivo será o mesmo da manifestação de domingo, quando houve reforço policial nas estações de metrô e foram montadas 12 bases móveis e bolsões de isolamento para evitar confrontos. “A Secretaria de Segurança reconhece o direito à livre manifestação das entidades com as quais se reuniu.”

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“Não vamos permitir que o nosso ato deixe de acontecer pelo clima de ódio”, afirma Marianna Dias, diretora da UNE. Manifestantes anti-Dilma ocuparam parte da Paulista durante o dia e noite desta quinta e agressões entre ativistas foram registradas. O secretário Alexandre Morais foi hostilizado ao chegar ao local para conversar com os manifestantes e a polícia.

O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes Foto: MARCIO RIBEIRO

Rumo. A expectativa dos organizadores e do PT é que o ato desta sexta-feira e a entrada de Lula na Casa Civil marquem o início de uma “guinada à esquerda” no governo Dilma. “Acreditamos que a única motivação dele (de Lula) seja essa”, disse Vagner Freitas, presidente da CUT. O combate ao ajuste fiscal, bandeira que marcou as manifestações governistas do ano passado, foi relegado agora ao segundo plano.

A prioridade passou a ser a defesa do governo e do ex-presidente Lula. “Exigimos que o Poder Judiciário não politize a sua atuação”, disse Freitas. “Mas também vamos pedir a mudança da política econômica.”

Após quase 24 horas de protestos na Avenida Paulista, no centro da capital, a Prefeitura de São Paulo se posicionou oficialmente no início da noite desta quinta. “Esperamos que haja tratamento isonômico em relação à manifestação de amanhã (esta sexta-feira)”, disse nota divulgada pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). O temor da gestão municipal é que a Paulista vire palco de guerra caso haja confronto entre manifestantes favoráveis e contrários ao governo. (Colaborou Juliana Diógenes)