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AMB relaciona episódios de ameaças a juizes à ‘agressividade social’

Crescimento do crime organizado e de reações violentas a sentenças explicam números, diz presidente da associação

Foto do author Amanda Pupo
Por Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo (Broadcast)
Atualização:
Criado em 2004,o CNJ é o órgão responsável por regulamentar o recebimento dos penduricalhos que elevam os pagamentos dos magistrados Foto: Lucas Castor/Agência CNJ

BRASÍLIA - O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Jayme de Oliveira, diz que o avanço do crime organizado e o aumento dos episódios de agressividade social – pessoas reagindo com mais violência durante a discussão dos casos – explicam os números de magistrados sob ameaça. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), obtido pelo Estado, aponta que 6 em cada mil magistrados estão sob ameaça no Brasil.

+ 110 magistrados estão sob ameaça no País, diz CNJ

Ele destaca o episódio ocorrido há dois anos, quando um homem invadiu o Fórum Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, e ameaçou atear fogo numa juíza que atuava na Vara de Violência Doméstica.

Em Mato Grosso, há um caso em que o alvo das ameaças foi o próprio local de serviço da juíza Marta Alice Velho. A Vara do Trabalho de Sorriso (MT) foi atingida em abril do ano passado por um coquetel molotov que destruiu as instalações.

Depois do atentado, que provocou estragos de R$ 100 mil, o edifício ganhou câmeras de segurança interna, porta giratória com detector de metais e arame no muro. O autor do ataque não foi identificado.

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“Foi um atentado à instituição, mas a partir disso acende uma luz vermelha. A gente pensa que o interior é mais tranquilo, mas não necessariamente para o juiz. No interior, o magistrado é uma autoridade identificada, é conhecida pela sociedade, e não tem muito como mudar a rotina”, afirma Marta.

Apesar do susto, os servidores da Vara se mobilizaram para garantir que as atividades continuassem, trabalhando de casa. “Não vai ser isso que vai nos derrubar”, diz a juíza.

Fora da atividade 

Entre os poucos casos de ameaças a magistrados que não dizem respeito à atividade profissional, o Estado apurou que há o de uma juíza de uma cidade do interior do Nordeste que é alvo de hostilidades devido à rivalidade entre diferentes famílias.

Ela integra uma das famílias envolvidas em um conflito que se perpetua por gerações.

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