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Advogado de Temer diz que nova denúncia é 'tentativa de golpe'

'Ainda bem que agora já não há mais à frente do MPF quem esteja disposto a depor o presidente da República contra a norma constitucional', disse Eduardo Carnelós

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Por Daiene Cardoso e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - O advogado do presidente Michel Temer (PMDB), Eduardo Carnelós, disse na tarde desta quarta-fiera, 4, que a nova denúncia constitui uma "tentativa de golpe" contra o peemedebista e que não vê mais na atual composição da Procuradoria Geral da República (PGR) disposição para tirá-lo do cargo. Em tom de alívio, o defensor enfatizou que agora já não há mais na PGR alguém que queira depor o presidente de forma inconstitucional.

Advogado Eduardo Carnelos entrega ao presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, a defesa do presidente Michel Temer Foto: Dida Sampaio/Estadão

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"Ainda bem que esse tempo passou. Ainda bem que agora já não há mais à frente do Ministério Público Federal quem esteja disposto a depor o presidente da República contra a norma constitucional, contra o ordenamento jurídico", afirmou.

Após protocolar a defesa escrita de Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Carnelós disse que apresentou evidências de que a nova peça da PGR é "umas das mais absurdas acusações que se tem notícia na história do Brasil". Para o defensor, a peça é "armada", baseada em provas "forjadas" e com o objetivo claro e "indisfarçável" de depor Temer. "Constitui, portanto, uma tentativa de golpe".

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Em um breve pronunciamento, o defensor disse que a denúncia não traz nenhuma prova do que apresenta e imputa a Temer fatos que antecedem o exercício do mandato como presidente da República. "Ela é toda amparada nas palavras de delatores, que fizeram um grande negócio. Para alguns deles, o negócio acabou dando errado depois, mas tinham feito um grande negócio, atendendo aos interesses do então procurador-geral (Rodrigo Janot), que queria acusar o presidente. E sem ter provas, conseguiu que os delatores dissessem aquilo que lhe interessava", declarou. O advogado disse que em troca, Janot deu aos delatores a "impunidade".

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Insistindo que a nova acusação contra Temer visa tirá-lo da presidência da República, Carnelós sustentou que a segunda denúncia foi construída em uma "indecente" espécie de "licitação" entre concorrentes da delação premiada, mais precisamente entre as propostas de colaboração do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lúcio Funaro. "As entranhas das atividades feitas entre os primeiros delatores da JBS quanto do senhor Lúcio Funaro hoje estão públicas", complementou. O defensor criticou também a "indecência" dos métodos utilizados pelos delatores de se auto gravarem.

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Ao final do pronunciamento, Carnelós só respondeu que não havia entrado em contato com os advogados do ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência) antes de formular a defesa de Temer. As demais perguntas dos jornalistas foram ignoradas pelo advogado.

Por fim, Carnelós afirmou que acredita que a Câmara vai impedir mais uma vez que a "tentativa de golpe" se consuma com a autorização de processamento de Temer. "Não há nenhum documento que possa constituir a prática de crime contra o presidente da República", finalizou.