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À procura de partido menor, Meirelles continua candidato ao Planalto

Ideia é migrar para um partido da base aliada até 7 de abril, prazo estabelecido pela lei para a troca de legendas

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Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - A disposição do presidente Michel Temer de disputar novo mandato não inibiu o projeto do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de ser candidato ao Palácio do Planalto. Meirelles avalia que o cenário político pode se alterar mais adiante e ainda não descarta uma aliança com o MDB no futuro, embora no momento esteja à procura de um partido menor para se filiar.

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Diante das dificuldades para obter apoio do MDB de Temer agora, o ministro intensificou as conversas com siglas com as quais já vinha tratando de suas pretensões. Estão nessa lista o PRB, ligado à Igreja Universal, e também o PSC, já que o deputado Jair Bolsonaro (RJ) foi para o PSL e o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, desistiu de concorrer ao Planalto.

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ideia de Meirelles é migrar para umpartido da base aliada até 7 de abril, prazo estabelecido pela lei tanto para a troca de legendas como para a entrega dos cargos de quem for disputar a eleição de outubro.

O Estado apurou que Meirelles conversou com Temer na tarde de sábado, 17, no Palácio do Jaburu. Em público, o presidente continua dizendo que o ministro tem todo o direito de ser candidato. Se ele sair do governo, os cotados para ocupar sua cadeira são o secretário executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, e o secretário de Acompanhamento Fiscal, Mansueto Almeida.

Bem estar. O plano de Meirelles já está desenhado, mas, por enquanto, o titular da Fazenda ainda é um nome em busca de um partido. Ele quer começar a viajar pelo País em pré-campanha, já na primeira quinzena de abril, na tentativa de mostrar o seu papel no processo de recuperação econômica e expor a plataforma para o que chama de “estado de bem estar social”.

No diagnóstico do ministro, que embarcou neste domingo,18, para Buenos Aires -- onde participará de reunião do G-20 --, a filiação a um partido menor agora pode ser uma alternativa para levar o seu projeto eleitoral à frente enquanto aguarda a definição de siglas maiores, como o MDB, em julho. Em conversas reservadas, Meirelles diz acreditar que, se ele se mostrar viável eleitoralmente nos próximos três meses, e Temer não for candidato, o MDB ainda poderá apoiá-lo, reforçando uma aliança de centro-direita.

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A procura de abrigo em um partido menor é hoje vista por aliados de Meirelles como uma de suas únicas opções para pôr de pé a pré-candidatura, por causa do apertado calendário eleitoral. O ministro tem de tomar uma decisão até o início de abril, mas Temer não precisa resolver isso agora, já que pode entrar no páreo estando no governo. 

O aval do MDB é considerado fundamental porque o partido é dono do maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito, que começa em agosto, e, além disso, possui grande estrutura no País, a chamada “capilaridade”. Trata-se de um “dote” precioso para quem depende da propaganda para se tornar conhecido.

Atualmente, Meirelles é filiado ao PSD, mas já foi avisado de que não terá espaço para seu projeto nessa sigla. Chefe do PSD, oministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, fechou acordo para apoiar o prefeito tucano João Doria ao governo paulista. Em troca, o PSD terá a vaga de vice na chapa. Kassab também negocia a adesão à campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB ao Planalto.

“Eu conversei com o Michel e acho que ele continua candidatíssimo. Vou incentivá-lo para que tenha reuniões periódicas com uns 15 aliados, para articular as composições nos Estados”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice líder do governo na Câmara. “Não tenho nada contra o Meirelles, mas acho que, se o Michel de fato sair para a reeleição, fica difícil para os ministros que estão com ele. O correto é todos estarem juntos”, completou Mansur.

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O presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), gostaria que Meirelles fosse o candidato do partido à sucessão de Temer, mesmo porque ele teria condições para arcar com grande parte dos custos da campanha e sobrariam recursos do fundo eleitoral para financiar os concorrentes à Câmara e ao Senado. Jucá admite, porém, que o MDB aguarda a definição do presidente e diz não haver como, nesse momento, garantir a indicação do ministro.

Com o MDB dividido sobre os rumos a seguir, auxiliares de Temer chegaram a comparar as articulações políticas de Meirelles à de um “mercado de derivativos”, que tem alta dose de risco. No Nordeste, por exemplo, uma ala do MDB defende o apoio ao PT.

Mesmo se a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for mantida e ele não puder concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa, caciques do MDB, como o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), e seus colegas Renan Calheiros (AL) e Roberto Requião (PR), pretendem subir no palanque de um candidato petista ao Planalto. Argumentam, para tanto, que Lula será grande cabo eleitoral em qualquer situação, mesmo se estiver preso.

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No Planalto, a avaliação é a de que, como não há ninguém da equipe de governo em posição de largada, as forças de centro estão "dispersas". Nesse cenário, interlocutores de Temer consideram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não tem nada a perder lançando-se como postulante à Presidência. Repetem, porém, o bordão “se colar, colou” para se referir ao movimento de Maia e dizem não acreditar que ele levará a empreitada até o fim.

Apesar da alta e persistente impopularidade de Temer, correligionários afirmam que ele é o único que pode defender o “legado” do governo e a própria biografia, diante das denúncias de corrupção. Na interpretação desses aliados, seTemer não entrar na corrida, o deputado Bolsonaro (PSL-RJ) - hoje em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás apenas de Lula - terá o caminho aberto para crescer.

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