'Quero que votem o mérito do meu processo', afirma Lula

Em último ato público antes do STF julgar seu habeas corpus, ex-presidente reafirma que não está 'acima da lei'

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Por Roberta Pennafort e Renata Batista
Atualização:
Autor de uma reforma enquanto era presidente, Lula diz ser contra mudanças na aposentadoria propostas por Temer Foto: Wilton Junior/ Estadão

RIO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite desta segunda-feira, 2, em discurso em um ato no Rio anunciado como o último com sua participação antes do julgamento de seu habeas corpus preventivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que deseja ver o mérito de seu processo julgado. Na quarta-feira, o STF julgará pedido seu pedido de habeas corpus. Se for negado, o petista pode ser preso. 

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+++AO VIVO: Julgamento do habeas corpus de Lula no STF

“Eu não estou aqui pelo direito de ser candidato. O que eu quero é que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência. Eu quero é que eles votem o mérito do meu processo. Não estou acima da lei, tenho que ser tratado como qualquer cidadão. Quero é que digam a verdade a meu respeito”, afirmou.

+ Cármen diz que País vive 'tempos de intolerância' e pede 'serenidade' Sem se referir diretamente à possibilidade real de ser preso, disse: “Se eles não me deixarem de falar, falarei pela boca de vocês. Andarei com as pernas de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês”, declarou, ao saudar o público e agradecer a presença de representantes de outros partidos no ato em defesa de sua liberdade, como a presidenciável Manuela d’Ávila (PCdoB). 

“Isso aqui não é uma seita, que todo mundo tem que pensar igual. Ter Manuela e (Guilherme) Boulos (pré-candidato à Presidência pelo PSOL) como candidato é um luxo”.

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O ex-presidente foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 12 anos e um mês de prisão em janeiro deste ano, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá. A decisão ratificou a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba em julho do ano passado.

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Do ato, no Circo Voador, na Lapa, participam o compositor Chico Buarque (que não discursou) e parlamentares do PT, PSOL, PSB, PDT, PCO e PCdoB. O nome com que foi batizado, “Em defesa da democracia – Justiça para Marielle”, faz menção a Marielle. 

Com capacidade para cerca de duas mil pessoas, a casa de espetáculos está lotada de apoiadores do ex-presidente, que exaltou feitos dos seus governos.

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Dirigindo-se à família da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada dia 14, homenageada nas falas, disse: “Eles pensam que matando a carne acabam com a pessoa. Mas não acabam com os sonhos e as ideias.”

Ex-presidente critica série 'O Mecanismo'

Em seu discurso, Lula afirmou ainda que a TV Globo fez um acordo com a Netflix para que fosse filmada a série “O mecanismo”, sobre a Lava Jato, que criticou – um dos personagens é inspirado nele.

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O ex-presidente criticou “O mecanismo”, do diretor José Padilha, pelo fato de o programa ter colocado o personagem inspirado nele falando a frase “é preciso estancar a sangria”, que ficou conhecida como sendo do então senador Romero Jucá (MDB-RR). A afirmação de Jucá veio à tona quando ele foi gravado numa tentativa de barrar a Lava Jato.

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“A TV Globo, embora seja o canal de maior audiência, não tem mais a mesma credibilidade. Agora eles fizeram um acordo com a Netflix, de contar uma mentira que a Globo não teve coragem de contar. Colocaram na minha boca o que o Jucá falou, colocaram o (doleiro Alberto) Yousseff no comitê de campanha da (ex-presidente) Dilma (Rousseff), e outros que tais.” A série é “livremente inspirada” na Lava Jato, segundo Padilha, por isso não segue à risca os fatos reais da operação.

Padilha não pôde ser ouvido nesta segunda-feira pelo Estado. O diretor tem defendido seu trabalho argumentando que a série é “livremente inspirada” na Lava Jato. Por isso, segundo ele, não segue à risca o que de fato ocorreu na operação, uma vez que  é uma obra de ficção, ainda que se refira a fatos reais, sem segui-los à risca.

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