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Família Campos quer Joaquim Barbosa na centro-esquerda

Renata e João Campos, viúva e filho do ex-governador, apoiam nome de ex-ministro do Supremo, apontado como presidenciável pela sigla

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

RECIFE - A família do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em 2014 em um acidente aéreo, não se opõe a uma eventual candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa pelo PSB ao Palácio do Planalto. Há, contudo, uma condição: que Barbosa entre na disputa com uma plataforma de centro-esquerda.

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Esse posicionamento foi apresentado pela primeira vez ontem em Recife pelo herdeiro político do ex-governador, o engenheiro João Campos, filho mais velho de Eduardo. "Não há veto de forma alguma do PSB de Pernambuco à candidatura (de Barbosa). Mas conversamos com diversas frentes de esquerda. Qualquer aliança nacional deve ser alinhada com as diretrizes que defendemos", disse João Campos. "Se ele (Barbosa) se enquadrar nisso, o PSB pode apoiá-lo". 

A declaração foi comemorada como uma vitória política pelos deputados do PSB que estão na linha de frente do projeto Barbosa. "O João e a Renata (viúva de Eduardo Campos) representam muito no PSB. O peso deles é enorme no partido. Ficamos muito satisfeitos com o posicionamento", disse o líder do PSB na Câmara, Julio Delgado (MG).

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Aos 24 anos, João Campos integra as executivas nacional e estadual do PSB e vai disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ao chegar ao 17° Fórum Empresarial do Lide, que reuniu presidenciáveis, ministros e parlamentares de centro-direita na capital pernambucana, João Campos foi cercado por convidados, jornalistas e também 'curiosos'.

Filho mais velho de Eduardo Campos, João afirmou que não há veto do PSB de Pernambuco à candidatura de Joaquim Barbosa. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

"João tem um futuro muito promissor. A Renata não participa ativamente das discussões políticas, mas é sempre importante ouvi-la", afirmou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que até recentemente tinha João como seu chefe de gabinete.

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Lideranças do PSB dizem, porém, que Renata Campos se mantém longe dos holofotes, mas atua intensamente nos bastidores do partido. Teria sido dela, por exemplo, a indicação do primo, Maurício Rands, para ocupar a vaga de vice na chapa de Câmara, que vai disputar a reeleição ao governo.

"Nós colocamos João na executiva nacional do PSB. A família é muito tradicional, desde o bisavô (Miguel Arraes). São todos muito politizados. A casa deles era de um local de encontro de agentes políticos. A posição de João tem muito simbolismo. Ele vai ser um continuador da tradição política da família", disse Carlos Siqueira, presidente do PSB. "Renata e eu nos falamos muito. Gosto de ouvir as opiniões dela. Ela é muito atuante como militante. Gostaria de vê-la na executiva", completou. 

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Câmara e João Campos se mostraram afinados sobre uma possível candidatura de Barbosa. O governador revelou aos jornalistas que esteve com o ex-ministro do STF na terça-feira em Recife em uma agenda privada. Câmara afirmou que não há veto da parte dele nem do PSB pernambucano, mas pontuou que as conversas estão apenas começando.

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"Não há nem pré-candidatura ainda. Pode vir a ser, mas depende de muita discussão. O ministro quer conhecer as pessoas e os programas do PSB. Precisamos conversar mais e ele participar mais das reuniões do partido", disse Câmara.

O governador tenta atrair para seu palanque a ala "dissidente" da família: a vereadora Marília Arraes, prima de Eduardo Campos e pré-candidata ao governo pelo PT. Essa aproximação com os petistas é o único obstáculo para o PSB pernambucano embarcar na tese de lançar Barbosa. A situação jurídica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, torna o cenário incerto.

Em 2014, o PSB lançou Eduardo Campos ao Planalto. O ex-governador morreu em acidente aéreo em agosto, a cerca de um mês da eleição. O partido lançou Marina Silva, então vice de Campos, à Presidência.

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