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'Pobre, você está suja'

Empresária do Rio denunciada pelo Ministério Público Federal por trabalho escravo mandava empregada doméstica sentar no chão para assistir TV, 'ou teria que passar álcool' nas cadeiras'

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Foto do author Luiz Vassallo
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Foto do author Fausto Macedo
Por Luiz Vassallo , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Reprodução Foto: Estadão

*Atualizada às 15h26 de 16/05

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'Pobre, você está suja', afirmou ter ouvido a ex-empregada doméstica de uma empresária que a teria submetido a trabalho escravo, no Rio. O Ministério Público Federal do Rio denunciou a empresária Renata Coelho Brasil do Nascimento. Segundo testemunhas, além de não pagar salários, ela chegou a deixar a funcionária uma semana trancada na área de serviço, sem comida, em seu apartamento de Copacabana.

Documento

SEM COMIDA

A empregada relatou diversos casos de abusos à Procuradoria, que não divulgou o nome da acusada.

Em outro episódio, a funcionária afirma que a empresária a 'xingava recorrentemente quando achava que o serviço não era de seu agrado, usando de palavras do tipo 'pobre, você está suja'.

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Ela narra ainda que era proibida de 'sentar na cadeira que a empresária usava senão ela teria que passar álcool'.

"Que só podia ver televisão sentada no chão; Que alega que trabalhava todos os dias de 7h até a hora em que a patroa iria chegar, geralmente meia-noite", consta em seu termo de depoimento, que embasa a denúncia.

Segundo a acusação, a empresária morava em Brasília e foi residir no Rio, levando a vítima junto.

Para evitar que a empregada fosse embora, a denunciada alegava uma dívida em função da venda de móveis para a trabalhadora. Alegava também que a vítima havia 'manchado blusas e quebrado itens da casa, o que seria descontado de seu salário'. Fazia ameaças, afirmando que no Rio 'qualquer bandido bateria por R$ 50 e mataria por R$ 100'.

O caso foi denunciado pelo Ministério Público do Rio em 2014 e a Justiça Estadual declinou a denúncia para a Justiça Federal. A ação foi remetida então ao Ministério Público Federal em abril de 2018, que denunciou novamente o crime e reiterou a competência federal para o julgamento da ação.

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COM A PALAVRA, RENATA

A defesa da empresária ainda não consta nos autos da denúncia. A reportagem entrou em contato com advogado que já a defendeu em outras causas, e que afirmou que encaminharia os questionamentos a Renata. O espaço está aberto para manifestação.

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