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PF aponta trilha da propina para almirante da Eletronuclear

Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da estatal e preso nesta terça, 28, recebeu R$ 4,5 milhões de empreiteiras das obras de Angra 3; dinheiro foi depositado em parcelas na conta de sua empresa de consultoria

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Atualização:

Othon Luiz Pinheiro da Silva. Foto: Beto Barata/AE

Por Julia Affonso, Fábio Fabrini, Beatriz Bulla e Talita Fernandes

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A força-tarefa da Operação Lava Jato identificou um metódico padrão no pagamento de propinas ao presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. O dinheiro era repassado por grandes empreiteiras a intermediárias, que faziam o pagamento, em seguida, à Aratec Engenharia Consultoria e Representações Ltda, controlada por Othon Luiz. Ele foi preso temporariamente nesta terça-feira, 28, na 16ª fase da Lava Jato, denominada Operação Radioatividade.

"Até o momento, os indícios apontam que o presidente licenciado da Eletronuclear recebeu pelo menos R$ 4,5 milhões de propina. Há indicativos de que parte deste montante foi recebida em 12 de dezembro de 2014, mesmo após a prisão de executivos de grandes empreiteiras do país", aponta a Procuradoria da República.

Em novembro do ano passado, a Lava Jato deflagrou a Juízo Final, 7ª fase da grande investigação sobre corrupção na Petrobrás. Na ocasião, foram presos dirigentes da Camargo Corrêa, Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e UTC.

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'Corrupção no Brasil está em processo de metástase', alerta procurador da Lava Jato

O rastreamento da propina do almirante mostra o fluxo no caixa de empreiteiras, de intermediárias e de empresas de fachada. A empresa Deustchebras recebeu, em novembro de 2014, R$ 330 mil da Andrade Gutierrez e, em dezembro de 2014, repassou R$ 252.300 para a Aratec, segundo a Polícia Federal e a Procuradoria da República. Nesta terça, além de Othon Luiz Pinheiro da Silva foi preso o presidente da Unidade Negócios Energia da Andrade Gutierrez, Flavio David Barra.

Trecho da delação de Dalton Avancini. Clique para ampliar. Foto: Reprodução

Delator cita propina de 1% ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear em Angra 3

Segundo o Ministério Público Federal, a Andrade Gutierrez repassou à CG Consultoria R$ 2,93 milhões entre 2009 e 2012. A CG Consultoria, por sua vez, transferiu à Aratec Engenharia R$ 2.699.730. entre 2009 e 2014.

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A CG Consultoria recebeu da Andrade Gutierrez, em março de 2012 e junho de 2012, R$ 300 mil em cada um desses meses, e repassou R$ 220 mil em casa um desses mesmos meses à Aratec Engenharia. Em agosto de 2011, a CG recebeu também R$ 300 mil da Andrade Gutierrez e repassou em setembro de 2011 R$ 220 mil a Aratec.

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"A CG Consultoria não tem qualquer empregado e na prática, descontados os custos tributários, repassou o recebido pela Andrade Gutierrez à Aratec, empresa controlada por Othon Luiz", anotou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato.

A JNobre Engenharia e Consultoria Ltda., que tem o mesmo endereço que a CG Consultoria, foi outra empresa intermediária usada para transferir o dinheiro à Aratec Engenharia, segundo a PF e a Procuradoria. A JNobre depositou R$ 792.500 entre 2012 e 2013 na conta da Aratec Engenharia. Nestes mesmos anos, recebeu R$ 1.400 milhão da Andrade Gutierrez.

"A aparente utilização dessas empresas como intermediárias de repasses também é evidenciado pela análise dos pagamentos individualizados", apontou Moro.

A Eletronuclear informou que desde 30 de abril tem um presidente interino, Pedro Figueiredo.

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COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

A Andrade Gutierrez está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e destaca que sempre esteve à disposição da Justiça. Seus advogados estão analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar.

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