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'Corrupção no Brasil está em processo de metástase', alerta procurador da Lava Jato

Athayde Ribeiro Costa diz que esquemas de propinas não estão adstritos à Petrobrás; Operação Radioatividade mira contratos da Eletronuclear

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Por Redação
Atualização:

Obras de Angra 3. Foto: Eletronuclear

Por Fábio Fabrini, Julia Affonso, Talita Fernandes e Beatriz Bulla

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O procurador da República Athayde Ribeiro Costa, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira, 28, que a corrupção no Brasil é endêmica e está em "processo de metástase". Ao revelar detalhes da Operação Radioatividade, 16.ª fase da Lava Jato, o procurador anotou que a corrupção "não está adstrita à Petrobrás, espalhou-se para outros órgãos da administração pública".

A Radioatividade é a nova fase da Lava Jato e sai do âmbito da Petrobrás - alvo maior de todas as quinze etapas anteriores da investigação. A Radioatividade mira exclusivamente contratos relativos às obras da Usina Nuclear Angra III.

Delator cita propina de 1% ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear em Angra3

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O alvo principal agora é o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. Ele foi preso em Niterói, no Rio, em regime temporário por cinco dias - o Ministério Publico Federal havia pedido prisão preventiva, sem prazo definido, do almirante, mas o juiz federal Sérgio Moro entendeu que a temporária é o regime mais adequado neste momento da investigação.

A força-tarefa da Lava Jato constatou que o almirante recebeu R$ 4,5 milhões em propinas por meio da Aratec Engenharia, controlada por ele.

Trecho da delação de Dalton Avancini. Clique para ampliar. Foto: Reprodução

Parte desse valor, o presidente licenciado da Eletronuclear teria recebido em dezembro de 2014, um mês depois da prisão dos principais empreiteiros do País, na Operação Juízo Finas, deflagrada em novembro.

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A Polícia Federal e a Procuradoria da República identificaram um rol de empreiteiras que teriam se reunido para discutir as propinas para o almirante da Eletronuclear: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Odebrecht, Techint, MPE, Camargo Corrêa e UTC.

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O esquema de corrupção envolvendo Othon Luiz Pinheiro da Silva foi revelado pelo ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, que fez delação premiada e atualmente cumpre prisão em regime domiciliar.

"A palavra do colaborador por si só não leva a medidas de prisão, ainda que prisão temporária. Com as investigações realizadas corroboramos em grande parte o que foi dito por Dalton Avancini", declarou o procurador Athayde Ribeiro Costa.

O delator apontou o presidente Global da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, como o representante da empreiteira que discutiu valores da propina no âmbito das obras de Angra 3.

Os repasses para o presidente licenciado da Eletronuclear teriam ocorrido por meio de empresas de fachada utilizadas pelas empreiteiras. Essas empresas de fachada não tinham quadro técnico para os serviços que teriam prestado.

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"O dinheiro pingava nos cofres das empresas até o repasse para Othon", disse o procurador.

"Há indicativos de que a corrupção é endêmica, estamos vivendo um processo de metástase da corrupção. A gente dá um passo, mostra que a corrupção não está adstrita à Petrobrás, espalhou-se para outros órgãos da administração pública."

A Eletronuclear informou que desde 30 de abril tem um presidente interino, Pedro Figueiredo.

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

A Andrade Gutierrez está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e destaca que sempre esteve à disposição da Justiça. Seus advogados estão analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar.

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COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

"A Construtora Norberto Odebrecht esclarece que na manhã desta terça-feira, 28 de julho, foi alvo de busca e apreensão em sua sede, no Rio de Janeiro, bem como na residência de um de seus executivos, que também foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento perante a Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Todos os nossos executivos, assim como a empresa, sempre estiveram à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e apresentar documentos no âmbito das investigações da operação Lava Jato, sendo injustificáveis as medidas empreendidas nesta data.

A CNO reafirma que nunca participou de oferecimento ou pagamento de propina em contratos com qualquer cliente público ou privado, o que obviamente inclui a Eletronuclear, portanto não reconhece como verdadeiras as afirmações de delator premiado que, visando obter a sua liberdade, em razão de prisão preventiva, não tem qualquer compromisso com a verdade."

COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO:

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"A Construtora Queiroz Galvão informa que está cooperando com as investigações. A companhia nega veementemente qualquer pagamento ilícito a agentes públicos para obtenção de contratos ou vantagens. A empresa reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação vigente".

COM A PALAVRA, O GRUPO MPE:

" A EBE participa do Consórcio Angramon e está colaborando com as informações solicitadas pela Polícia Federal, embora não haja nenhuma acusação diretamente contra a EBE.

Hoje, dia 28, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo MPE, Renato Ribeiro, da qual a EBE faz parte, prestou depoimento na condição de testemunha na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro, sendo liberado logo depois."

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