O Ministério Público Federal, do Rio, afirma que o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, encomendou um dossiê sobre um opositor ao ex-secretário Sérgio Côrtes, que geria a área da Saúde do governo Sérgio Cabral (PMDB). O alvo de Nuzman, preso nesta quinta-feira, 5, pela Operação Unfair Play, era o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), Alaor Pinto Azevedo.
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'PRESIDENTE, O CARA ESTÁ LIMPO'+ 'Nossas putarias têm que continuar', disse ex-secretário da Saúde de Sérgio Cabral a empresário
O presidente do COB foi levado pela Polícia Federal pela segunda fase da Unfair Play, desdobramento da Lava Jato que investiga a compra do Rio de Janeiro como cidade olímpica. Côrtes foi capturado em abril, no âmbito da Operação Fratura Exposta, investigação sobre desvios na área hospitalar.
No pedido de prisão de Nuzman, a força-tarefa da Lava Jato relatou que o dossiê foi encontrado durante as buscas na casa do presidente do COB. O documento, segundo o Ministério Público Federal, havia sido encomendado 'a outro membro da organização criminosa, já denunciado Sérgio Côrtes'.
"Conforme verifica-se, Sérgio Côrtes realizou levantamentos sobre a vida pregressa de Alaor Pinto Azevedo (opositor de Nuzman). Tudo a demonstrar que os membros da organização criminosa ajudam-se mutuamente para manutenção do status quo", narrou a Procuradoria da República.
Na capa do dossiê apreendido pela Unfair Play, a Lava Jato encontrou uma folha com o emblema da Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Governo do Rio e com um bilhete. "Presidente, o cara está "limpo". Viramos do lado do avesso. Um forte abraço, Sérgio."
O documento tem a tarja 'confidencial', em vermelho, no alto de uma de suas páginas. Há duas fotos, dados de Alaor e suas impressões digitais.
A Lava Jato achou ainda outro bilhete em papel amarelo. "Amigo, outros levantamentos estão sendo feitos. Abs, Sérgio."
Em outubro de 2016, Nuzman foi reeleito para a presidência do Comitê. Foi a sexta vez consecutiva que ele chegou ao cargo que assumiu em 1995.
Candidato único, ele foi reconduzido para um mandato até 2020 com 24 votos entre 29 possíveis - quatro confederações e a comissão de atletas do COB não enviaram representantes. Na votação, houve três abstenções, um voto contra e um nulo, já que o envelope onde deveria estar a cédula estava vazio.
Naquele ano, Alaor Azevedo foi à Justiça questionando o prazo exigido pelo COB - 30 de abril - para o registro de candidaturas numa eleição que ocorreria só no último trimestre. O presidente da Confederação de Tênis de Mesa chegou a ter liminares deferidas, mas em seguida negadas.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO NELIO MACHADO, QUE DEFENDE CARLOS ARTHUR NUZMAN
Segundo o advogado Nélio Machado, do escritório Nélio Machado Advogados, que defende o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) 'há um habeas corpus já impetrado que não foi julgado lamentavelmente'. O defensor afirmou que irá se inteirar dos fatos e fará um pronunciamento em seguida.
"Vou ver quais são os fundamentos dessa medida dura e que não é usual, pelo menos dentro dos padrões do devido processo legal".