Atualizada às 19h50
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da agência de publicidade Borghi Lowe e de seis produtoras sob suspeita de envolvimento no esquema de propinas para o ex-deputado petista André Vargas, preso na manhã desta sexta feira, 10, pela Operação A Origem, 11.ª etapa da Lava Jato. A pesquisa alcança período de seis anos, de janeiro de 2009 a março de 2015.
A abertura das contas e informações fiscais das empresas de comunicação e propaganda foi ordenada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava Jato, e é relativa a um suposto esquema fora do âmbito da Petrobrás - foco central da Lava Jato. Desta vez, os investigadores miram contratos de publicidade, por enquanto em outras áreas do governo.
A quebra do sigilo alcança, além da Borghi Lowe (filial de Brasília e matriz no Paraná), que mantém contratos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde, seis empresas de comunicação e propaganda: Enoise Estúdios, Luiz Portella Produções, Conspiração Filmes, Sagaz Digital, Zulu Fillmes e BH Serviços de Comunicação.
As empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes podem não ter "necessariamente se envolvido de forma intencional nos crimes", na avaliação dos investigadores. Mas a Justiça considerou imprescindível vasculhar movimentações bancárias e dados fiscais dessas empresas.
Segundo a força-tarefa, a Borghi Lowe Propaganda e Marketing Ltda., que administra contas publicitárias da Caixa e do Ministério da Saúde, teria contratado serviços das empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes para a realização de serviços de publicidade. A Borghi Lowe teria orientado a realizar pagamentos de comissões de bônus de volume nas contas das empresas Limiar e LSI controladas por André Vargas e seus irmãos.
Os investigadores suspeitam que contratos da área davam cobertura a "serviços de fachada", com o objetivo de lavar dinheiro ilícito cujo beneficiário principal seria André Vargas.
"Em vista da existência de prova de que as empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filme teriam realizado depósitos em contas controladas por André Vargas, com envolvimento da empresa Borghi Lowe, justifica-se a quebra de sigilo bancário e fiscal das referidas empresas, ainda que as primeiras não tenham necessariamente se envolvido de forma intencional nos crimes", decidiu o juiz Sérgio Moro. "Também se justifica a quebra do sigilo da empresa BH Serviços já que de titularidade de Ricardo Hoffmann da Borghi, sendo possível que o mesmo esquema tenha ali sido reproduzido."
Para Moro, é "necessário identificar o fluxo de dinheiro e especialmente se houve pagamento para outras beneficiárias indevidas".
"Não há outro meio para produzir a prova", destaca o magistrado.
A Caixa Econômica Federal informou que abrirá apuração interna para averiguar os fatos revelados hoje pela Polícia Federal no âmbito da investigação da Operação Lava Jato. A CAIXA reitera que colaborará integralmente com as investigações e informa que encaminhará imediatamente todos os contratos relacionados às empresas citadas à Controladoria Geral da União, Polícia Federal e Ministério Público.
A reportagem ligou para a agência Borghi/Lowe e foi informada que a pessoa que poderia dar algum posicionamento estava em horário de almoço e que e-mail e celular não poderiam ser passados.
COM A PALAVRA, A BORGHILOWE.
Hoje, um juiz federal emitiu uma ordem judicial para coletar informações nos escritórios da BorghiLowe em conexão com a investigação conhecida como operação "Lava Jato". Entendemos que as autoridades estão buscando informações quanto a um ex-funcionário. A empresa cooperou ativamente atendendo a ordem judicial e continuará a fazê-lo.?
COM A PALAVRA, A SAGAZ FILMES.
"A Sagaz Filmes esclarece que foi contratada pela agência Borghi Lowe como prestadora de serviços para realizar filmes publicitários para a Caixa Econômica Federal e Ministério da Saúde, e que os serviços foram realizados conforme orçamentos aprovados, com contratos de trabalho registrados nos órgãos competentes, sem qualquer irregularidade.
Os pagamentos feitos para liquidar com créditos da Borghi Lowe por bonificação por volume, foram feitos às empresas Limiar e LSI, por indicação da própria agência contratante, cujos documentos foram apresentados aos órgãos competentes.
É importante esclarecer ainda que a Sagaz Filmes não integra a lista de empresas investigadas e por essa razão não possui qualquer informação da investigação anunciada, cujo teor corre sob segredo de justiça."
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