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Henrique Alves articulou, da cadeia, transferência de bens, diz delegado

Três assessores do ex-ministro de Dilma e Temer, presos na Operação Lavat que fez buscas até no Ministério do Turismo, teriam ajudado o peemedebista a ocultar patrimônio

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Por Julia Affonso , Ricardo Araújo e de Natal
Atualização:

Henrique Alves. Foto: Magnus Nascimento/Tribuna do Norte

O delegado da Polícia Federal Osvaldo Scalezi Júnior, da Operação Lavat, informou nesta quinta-feira, 26, que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-Governos Dilma e Temer/Turismo) estava, de dentro da cadeia, articulando com seus assessores a transferência de seu patrimônio. Três aliados do peemedebista foram presos pela Polícia Federal na Lavat, desdobramento da Operação Manus - que, em 6 de junho, prendeu o ex-ministro.

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Henrique Eduardo Alves está preso em Natal. A ação da PF começou com apuração sobre os recursos oriundos da campanha de 2014 do ex-ministro. Nesta quinta, a Lavat fez buscas até no Ministério do Turismo e deu continuidade à investigação em busca de provas 'da forma como o dinheiro ilícito veio, entrou na campanha e foi distribuído para fins de compra de apoio político'.

"Esse é um aspecto da operação de hoje que era o mesmo aspecto da Manus", afirmou o delegado.

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A Lavat apura também a conduta de Henrique Alves em duas outras frentes.

"Diferentemente do que ocorreu na Manus, que era só a respeito da forma como esse dinheiro ilícito entrou e foi distribuído ilegalmente para compra de apoio político, nós verificamos que depois da deflagração da Operação Manus, o ex-deputado federal passou a manter duas condutas mesmo preso", informou Scalezi.

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"A primeira conduta era a forma como ele estava articulando com seus assessores diretos a ocultação de seus bens. A simulação de venda, de transferência desse patrimônio para pessoas próximas ou pessoas ligadas a ele para que, durante o processo a que ele responde, não ficasse demonstrado que ele tem patrimônio grande, não tem patrimônio incompatível com seus rendimentos. Ele estava transferindo esse patrimônio, ou seja, um crime de lavagem de dinheiro."

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A segunda frente, alvo da Lavat, também envolve os assessores do ex-presidente da Câmara e deputado por 11 mandatos consecutivos. Segundo Osvaldo Scalezi Júnior, a investigação apura a 'articulação junto a Prefeituras do Rio Grande do Norte, no sentido de direcionamento das licitações'.

"Ou seja, com a participação de empresas previamente constituídas e contratadas junto a essas Prefeituras para se fazer a transferência desses recursos. Você burla a licitação, fazendo com que outras empresas que participam do certame seriam desclassificadas, seriam inabilitadas para somente uma empresa que faz parte do sistema seja a contratada, seja a vencedora do processo licitatório", declarou o delegado.

De acordo com a operação, houve uma diminuição da influência de Henrique Alves nos ministérios em Brasília desde sua prisão.

"Nós percebemos que diminuiu a sua participação, a sua influência nos ministérios, que era o intuito principal da Operação Manus, entretanto, nós verificamos no decorrer desse lapso temporal, entre a deflagração, em junho, e nesse período, que ele continuava articulando localmente", informou o delegado.

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"Articulando no sentido de identificação, junto a seus assessores, de empresas constituídas para participar de licitações, participação dessas licitações de forma fraudulenta para fins de receber os valores pela prestação do serviço e parte ser desviada para esses assessores e indiretamente para o próprio ex-deputado federal."

A Lavat mobilizou 110 policiais federais para cumprir 27 mandados judiciais: 22 mandados de busca e apreensão, 3 de prisão temporária e 2 de condução coercitiva em Natal/RN, Parnamirim/RN, Nísia Floresta/RN, São José do Mipibu/RN, Angicos/RN e Brasília/DF.

Foram presos três ex-assessores do peemedebista: Aluísio Henrique Dutra de Almeida, Norton Domingues Masera e José Geraldo Moura Fonseca Jr.

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da InterTV Cabugi em Natal, emissora na qual Henrique Alves tem participação societária.

A mulher e a filha do ex-ministro do Turismo foram alvo de mandados de busca e apreensão. Os policiais voltaram ao apartamento do ex-ministro numa área nobre da capital potiguar para coletarem documentos e arquivos em mídia de posse da mulher dele, a jornalista Laurita Arruda Câmara.

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O nome da operação ainda é referência ao provérbio latino "Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat", cujo significado é: uma mão esfrega a outra; uma mão lava a outra.

A reportagem está tentando contato com as defesas dos investigados.

COM A PALAVRA, HENRIQUE ALVES

A afirmação de que terceiros estariam lavando dinheiro de Henrique Alves é absolutamente falsa e mentirosa. Andressa, filha de Henrique, está vendendo um imóvel de sua propriedade para pagar dívidas e garantir sua sobrevivência. A suposição de que a esposa de Henrique, Laurita, tivesse obtido documento falso sobre a sua condição de saúde é uma infâmia que atinge não apenas a ela, mas ao médico que o atende e a este advogado que jamais utilizaria de subterfúgio para enganar a Justiça. Basta uma consulta ao controle de entrada da Academia de Polícia para constatar a visita periódica de fisioterapeuta para tratamento de sua enfermidade. É lamentável que pessoas inocentes sejam envolvidas em investigação estéril e sem qualquer fundamento. A defesa apresentou resposta em que refuta com provas e documentos todas as acusações e confia na Justiça e na absolvição de seu cliente por ser inocente.

Marcelo Leal de Lima Oliveira OAB/DF 21.932

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COM A PALAVRA, A INTERTV CABUGI

A direção da Intertv Cabugi informou que Herman Ledebour é procurador e representante de Henrique Alves, sócio minoritário.  A direção reforça que a empresa sempre atuou de forma isenta em relação às investigações, noticiando o passo a passo das dos processos contra Henrique e outros investigados pela polícia federal e Ministério Público.  E embora não seja alvo do processo está à disposição pra qualquer esclarecimento.

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