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Equipe da Lava Jato na PF em Curitiba segue sem reforço

Quatro meses após promessa, grupo que atuava nos inquéritos do caso Petrobrás segue à míngua, enquanto fim do foro põe perspectiva de mais trabalho à vista para força-tarefa

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Foto do author Fausto Macedo
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Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:

Fachada da sede da Polícia Federal, em Curitiba. FOTO JF DIORIO/ESTADÃO 

O reforço esperado na Polícia Federal, em Curitiba, para aumentar a equipe que atua nos casos da Operação Lava Jato segue na promessa. Quatro meses após o novo superintende da corporação no Paraná, Maurício Valeixo, ter anunciado a liberação de mais homens e recursos pela direção-geral em suas primeiras entrevistas à imprensa, o número insuficiente de delegados e policiais trabalhando nos procedimentos do escândalo Petrobrás ainda é um problema.

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Com cerca de 120 inquéritos ainda abertos em Curitiba, o berço da Lava Jato - que já deflagrou 51 fases da operação, desde 2014 - perdeu prioridade para a PF.

Como agravante, a equipe sofreu duas baixas recentes: dois de seus integrantes foram transferidos para Brasília no mês passado, os delegados Maurício Moscardi Grillo e Renata da Silva Rodrigues.

Os dois foram levados para reforçar a equipe de investigação de lavagem de dinheiro na Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção (CGRC), assumida recentemente pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, que originou o caso Lava Jato em Curitiba em 2013 e pediu para sair em 2016.

O recebimento de novos delegados e policiais para atuar em Curitiba serviria para destacar equipes para atuar na Lava Jato, que agora deve receber novas investigações com as mudanças nas regras do foro privilegiado.

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Atualmente estão com os casos da Lava Jato os delegados Felipe Hayashi (chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, a Delecor), Dante Pegoraro Lemos, Filipe Hille Pace e Ivan Ziolkowski. Todos sob a coordenação do delegado Igor Romário de Paula, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (Dcor).

Em janeiro, quando assumiu a superintendência da Polícia Federal no Paraná, Valeixo  afirmou que haveria "reforços" e disse que poderia haver volta de atuação "exclusiva" da equipe para conclusão das investigações da Lava Jato. "O objetivo é uma concentração de esforços para concluir procedimentos pendentes. Concluir todas as investigações", disse Valeixo, na época, quando o comando da PF em Brasília aprovou o planejamento operacional e financeiro para 2018.

Adequado. A Polícia Federal, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que "Curitiba conduz, atualmente, aproximadamente 120 inquéritos" vinculados à Lava Jato e que o total de homens atual é adequado.

"A equipe designada para as investigações vinculadas à referida Operação é adequada ao trabalhos em andamento no momento, podendo ser redimensionada em caso de necessidade", informou a PF, por meio de sua assessoria de imprensa.

O órgão não comentou sobre o aumento de efetivo prometido.

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Sem reforços nem equipe exclusiva para atuar nos casos da Lava Jato, a parceria de sucesso entre PF, Ministério Público Federal e Receita Federal, que garantiu à constante expansão e assertividade das investigações nos três primeiros anos e fizeram a força-tarefa virar uma espécie de escola de combate à corrupção, que passou a ser replicada em outros estados.

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Com a crise, as últimas operações deflagradas da Lava Jato foram ações decorrentes de investigações do Ministério Público Federal.

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União. Em fevereiro, nos autos da Operação Integração - a primeira fase de 2018 e 48.ª da Lava Jato -, que investiga crimes em concessionárias de rodovias no Paraná, o juiz federal Sérgio Moro deu uma espécie de "advertência" para a polícia e falou sobre a importância da atuação conjunta entre a PF e o MPF, ao mandar um delegado do grupo abrir inquérito do caso. O policial havia decidido abrir um procedimento de "registro especial" apenas para cumprir as diligências na investigação conduzida pelos procuradores, por não ser uma apuração da polícia e assim evitar "dois presidentes" para o caso.

 

"As investigações devem prosseguir no inquérito policial, inclusive com iniciativa da autoridade policial e sem prejuízo das requisições e do MPF a serem apresentadas no inquérito", determinou o juiz.

"Melhor desenvolvem-se as investigações quando a autoridade policial e o MPF trabalham em conjunto."

No despacho do delegado Dante Pegoraro Lemos, de 4 de janeiro, que em vez de abrir um inquérito determinou a abertura de um procedimento diverso, afirmou que como o caso era conduzido por procuradores a manutenção do "inquérito policial ativo" colocaria "diante não só da duplicidade de procedimentos investigatórios, mas principalmente de presidentes das investigações".

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Documento

DESPACHO DA PF

"Não é concebível a existência de dois presidentes das investigações, com iguais poderes decisórios e conclusivos: tal como em qualquer esfera de poder, ou a decisão cabe a órgão simples ou a colegiado. E o colegiado necessita de número ímpar de membros a fim de contabilizar votos por maioria em um sentido ou outro de entendimento", escreveu o delegado.

Segundo ele, "na prática, serve este inquérito, ao menos em princípio, de mero palco para o cumprimento de diligências pelo MPF, autorizadas pela Justiça". "Pois ao receber este feito por distribuição a autoridade policial necessitaria de um bom tempo para estudar o que já vem sendo feito desde 2015 (com medidas cautelares já processadas), inclusive quebra de sigilo bancário, para que possa conduzir as investigações com um mínimo de qualidade e eficácia."

 

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