A procuradora da República Fabiana Schneider, da força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, afirmou nesta quinta-feira, 5, que 'enquanto os medalhistas olímpicos buscam a sua tão sonhada medalha de ouro, dirigentes do Comitê Olímpico guardavam o seu ouro na Suíça'. A segunda fase da Operação Unfair Play, que investiga a compra de votos para eleger o Rio como cidade olímpica, prendeu o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, e seu braço direito Leonardo Gryner.
"Esse valor das barras de ouro não tem no imposto de renda o correspondente de origem, ou seja, é um valor que está a descoberto, um total de R$ 2 milhões que não tem uma origem, um lucro, não tem um rendimento que justifique essas barras de ouro. Enquanto os medalhistas olímpicos buscam a sua tão sonhada medalha de ouro, dirigentes do Comitê Olímpico guardavam o seu ouro na Suíça", afirmou.
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A Unfair Play chegou a 16 barras de ouro de Nuzman. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, no Rio, nos últimos 10 dos 22 anos de presidência do COB, Nuzman aumentou seu patrimônio em 457%. Para os investigadores, não há 'indicação clara de seus rendimentos, além de manter parte de seu patrimônio oculto na Suíça'.
O Ministério Público Federal afirma que Nuzman declarou a existência de 16 barras de ouro, 1 kg cada uma, que mantinha no exterior, à Receita Federal, por meio de retificação de uma retificação em seu imposto de renda em 20 de setembro de 2017. Quinze dias após a deflagração da primeira fase da Unfair Play. Na ocasião, Nuzman foi alvo de mandado de busca e apreensão.
A primeira fase da Unfair Play apreendeu uma chave que, segundo a força-tarefa da Lava Jato, 'pode corresponder a um cofre na Suíça, considerando que estava guardada junto a cartões de visita de agentes que trabalham com serviço de locação'.
"Sabendo dessa apreensão, Nuzman tentou adiantar-se para evitar que as barras de ouro possivelmente depositadas no aludido cofre fossem descobertas pelas investigações", relatou a força-tarefa no pedido de prisão do presidente do COB.
Para os procuradores da força-tarefa, Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Simões Vagos, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, Rodrigo Timóteo da Costa e Silva, Rafael Barretto dos Santos, Sérgio Luiz Pinel Dias, Fabiana Schneider, Marisa Varotto Ferrari e Felipe Almeida Bogado Leite, as investigações avançaram de maneira significativa desde a deflagração da Operação Unfair Play, 'tendo sido colhidos elementos que comprovam, de maneira irrefutável, como se deu a operacionalização dos pagamentos e indicam para a atuação de outros atores até então desconhecidos'.
"Carlos Nuzman e Leonardo Gryner foram os agentes responsáveis por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares (o "Rei Arthur")", afirma a Procuradoria.
De acordo com os procuradores, a prisão temporária de Nuzman e Gryner é imprescindível não só como garantia de ordem pública, "como para permitir bloquear o patrimônio, além de impedir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja na interferência da produção probatória". Além do pedido de prisão, também foram cumpridos mandatos de busca e apreensão nas casas e empresas de Nuzman e Gryner e a quebra de sigilo telemático.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO NELIO MACHADO, QUE DEFENDE CARLOS ARTHUR NUZMAN
Segundo o advogado Nélio Machado, do escritório Nélio Machado Advogados, que defende o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) 'há um habeas corpus já impetrado que não foi julgado lamentavelmente'. O defensor afirmou que irá se inteirar dos fatos e fará um pronunciamento em seguida.
"Vou ver quais são os fundamentos dessa medida dura e que não é usual, pelo menos dentro dos padrões do devido processo legal".