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Deputado do PP agradeceu propina, diz delator

Simão Sessim (PP/RJ), que teria sido contemplado com R$ 200 mil em reunião na Petrobrás 'foi um dos poucos que agradeceu', afirma ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa; assista ao vídeo

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Atualização:

Simão Sessim. Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

 

Por Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto Macedo

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Em depoimento complementar prestado à força-tarefa da Operação Lava Jato, em fevereiro deste ano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa detalhou o esquema de propinas instalado na Petrobrás e contou aos investigadores particularidades da atuação dos políticos. Segundo ele, o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ) foi 'um dos poucos que agradeceu' a propina recebida. O relato de Costa foi filmado pela força-tarefa.

VEJA O RELATO DE PAULO ROBERTO COSTA A PARTIR DO MINUTO 51

O ex-diretor, primeiro delator da Lava Jato, disse que o parlamentar o procurou e marcou uma reunião na Petrobrás, em 2010. No encontro em que estavam só os dois, segundo Costa, o parlamentar do PP solicitou um repasse de R$ 200 mil. Simão Sessim é um dos 50 políticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação premiada do ex-diretor da estatal petrolífera.

Sessim, de 79 anos, foi eleito deputado federal por 10 vezes seguidas. Ele está na Câmara desde 1979 e no PP há doze anos. Entre 1962 e 2003 o parlamentar esteve filiado à UDN, à Arena (partido que deu apoio à ditadura militar), ao PDS, ao PFL, ao PPR, ao PPB, ao PSDB e ao PPB. Nas eleições de 2014, ele foi reeleito com 58.825 votos.

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"Ele falou: 'Paulo, queria que você pudesse me ajudar para a minha campanha'. Falei: 'Depende, né? Qual é o valor que você está precisando?'. 'O que você puder ajudar, talvez R$ 200 mil e tal'. 'Tá bom, acho que dá para ajudar'. Pedi para o Youssef operacionalizar. Depois agradeceu, quer dizer que ele recebeu", contou Costa.

O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, 'cuidava' do caixa-2 de propinas do PP. O partido de Sessim, o PT e o PMDB estão sob suspeita de receberem de 1% a 3% sobre o valor dos contratos da Petrobrás para abastecer caixa de campanha. O dinheiro era desviado de contratos superfaturados, notas frias e contas no exterior.

O repasse a Sessim foi feito por Youssef, a mando de Costa. O ex-diretor disse à força-tarefa não saber como o doleiro fez o pagamento. O agradecimento, segundo Costa, foi 'pessoal' e feito, alguns meses depois do repasse, diretamente a ele. "Encontrou (o deputado) em algum evento e agradeceu", disse.

O delator contou aos investigadores que era 'muito difícil alguém agradecer' a propina. Segundo ele, o que normalmente ocorria era 'o cara não reclamar' quando recebia os valores. Costa disse que conheceu o deputado em 2007 ou 2008 e que eles se encontravam de vez em quando em restaurantes.

"Ele é de Nilópolis. Os parentes dele são "os donos" da (Escola de Samba) Beija-Flor. Ele foi uma vez presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara. Eu fiquei conhecendo mais ele nesse momento, em que estava sendo discutido uma regulamentação do setor de combustíveis. Ele me chamou para participar desse processo, para dar uma palestra. Fiquei conhecendo ele lá nesse momento, quando ele estava nessa função de presidente interino da Comissão de Minas e Energia da Câmara", disse.

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Sérgio Sampaio Sessim, filho do deputado, foi prefeito de Nilópolis entre 2009 a 2012. Ele é sobrinho do bicheiro Aniz Abrahão David, o Anísio, presidente de honra da Beija-Flor e preso pela Polícia Federal, em 2008, por contravenção.

Nilópolis fica na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio. A cidade tem 158.299 habitantes.

O deputado foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos.

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