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Alexandre diz que Brasil vive 'Macarthismo'

Após palestra na Escola Paulista de Magistrados, ministro do Supremo Tribunal Federal saiu em defesa de Gilmar Mendes e classificou como 'normal' o fato de o colega ter falado 43 vezes com o senador Aécio Neves, investigado da Lava Jato

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Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Alexandre de Moraes e Joseph McCarthy. Fotos: Adriano Machado/Reuters e Reprodução Foto: Estadão

Após palestra na Escola Paulista de Magistrados, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse que o 'Brasil vive Macarthismo'. Ele saiu em defesa aberta de Gilmar Mendes e classificou de 'normal' o fato de o colega da Corte ter mantido 43 contatos - via aplicativo WhatsApp - com o senador Aécio Neves (PSDB/MG), alvo da Operação Patmos, da Polícia Federal, por suposta propina de R$ 2 milhões da JBS.

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"O ministro Gilmar, desde o início de seu mandato, se reúne com presidentes de vários partidos, com diversos senadores para tratar da reforma política", disse Alexandre. "E o faz às claras. Então, não há nenhum problema em que um membro do Supremo converse com parlamentares. Nós estamos vivendo, infelizmente, no Brasil, o que os Estados Unidos viveram lá atrás, um Macarthismo muito grande,"

O Macarthismo foi um movimento radical deflagrado nos anos 1950 pelo senador Joseph McCarthy (republicano) contra os que defendiam o comunismo.

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"Os deputados e senadores são membros de um Poder. Nós não podemos confundir o continente com o conteúdo", seguiu o ministro.

Para Alexandre, 'o continente é o Congresso, essencial para a democracia'.

Ele citou períodos de exceção no País. "Toda vez em que se enfraqueceu o Congresso, nós tivemos uma ditadura, com Vargas e depois a ditadura militar."

Nesta quinta-feira, 19, relatório da Polícia Federal encaminhado ao Supremo mostrou detalhes - mas não o conteúdo - das 43 chamadas entre Gilmar e Aécio, que estava no grampo dos investigadores em ação controlada autorizada pelo STF.

A investigação pegou contatos entre o ministro e o senador no mesmo dia em que Gilmar decretou o adiamento do depoimento de Aécio na Corte. O ministro é relator de quatro inquéritos abertos para investigar o tucano.

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Esses inquéritos fazem parte do acervo da Operação Lava Jato.

Alexandre disse que essas investigações 'não podem depender apenas de delatores'.

"O Brasil precisa ter mecanismos de investigação mais ágeis e preventivos. Como não se percebeu que, durante anos e anos, bilhões foram desviados da Petrobras?", questionou Alexandre.

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