Presidente da Fifa também aparece nos 'Panama Papers'

Documentos vazados da consultoria Mossack Fonseca revelam contratos assinados pela Uefa, usando paraísos fiscais, enquanto Infantino era o diretor jurídico da entidade

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Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:
Fifa Foto: EFE

Genebra – O novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, é atingido pelas revelações dos documentos sigilosos sobre a estrutura de empresas offshore no Panamá. Documentos vazados da consultoria Mossack Fonseca revelam contratos assinados pela Uefa, usando paraísos fiscais, enquanto o diretor jurídico da Uefa era justamente Infantino, hoje o homem que promete limpar o futebol da corrupção em que está mergulhado. 

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Os dados foram revelados pelo jornal The Guardian e confirmados pelo Estado, que também obteve cópias dos documentos. A Uefa rejeitou qualquer irregularidade e Infantino, num comunicado oficial, diz “não aceitar” as insinuações de que ele tenha cometido irregularidades. Mas os contratos envolvem empresas com dirigentes sob suspeita pelo FBI. A ordem era justamente a de evitar qualquer relação comercial com esses cartolas ou suas empresas.

Segundo os contratos, a Uefa vendeu direitos de transmissão de seus jogos para a América do Sul. Mas os direitos foram dados para a empresa argentina Cross Trading, uma subsidiária da Full Play, empresa no centro do escândalo de corrupção da Fifa. Seu dono, Hugo Jinkis, está em prisão domiciliar hoje na Argentina por distribuir propinas pela região em troca de contratos.

Em 2006, sua empresa revendeu os direitos adquiridos de Infantino por tres vezes o preço obtido para uma empresa do Equador, a Teleamazonas, para que tivesse os direitos para a Liga dos Campeões entre 2006 e 2009.

Gianni Infantino, presidente da Fifa Foto: Reuters

Para fechar o acordo, a Cross Trading assinou o contrato com a Uefa, passando justamente por Infantino. A empresa, porém, tem seu registro na ilha de Niue, no Oceano Pacífico. A mesma empresa ainda assinou contratos para a Euro 2016 com a Traffic Sport, do brasileiro José Hawilla. 

Em resposta, a Fifa insiste que esse é um caso para que a Uefa esclareça. Na Uefa, a entidade aponta que "ninguém em 2006 poderia imaginar" que a Full Play poderia estar envolvida no escândalo de corrupção na Fifa. A entidade também garantiu que o contrato foi fechado depois de um "processo aberto e competitivo" e que a Teleamazonas comprou os direitos oferecendo 20% a mais que a concorrente.

Infantino assumiu a Fifa no final de fevereiro, prometendo virar a página da corrupção que mergulhou a entidade ao seu pior momento em 110 anos de história. Nesta terça, além de uma resposta dura, o novo presidente da Fifa teve o apoio da Uefa. A entidade indicou que Infantino assinou o contrato "apenas por ser um dos diretores com poderes de fechar contratos na época". A entidade também garante que Infantino jamais negociou com as partes citadas. 

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Mas, segundo os documentos, ele participou da venda dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões, Copa do Uefa e Supercopa para os mercados sul-americanos. 

Essa não foi a primeira vez que a Fifa apareceu nos documentos do Panamá. No fim de semana, as revelações apontaram que membros do Comitê de Etica da entidade estavam ligados em contratos com os cartolas que deveriam investigar, como o uruguaio Eugenio Figueredo. Michel Platini, ex-vice-presidente da Fifa, também teve seu nome registrado com empresas offshore.