Yeda Crusius sofre derrota antes mesmo de tomar posse

As medidas de reestruturação das finanças do Estado, propostas pela futura governadora, foram rejeitadas pelos deputados gaúchos, nesta sexta

Por Agencia Estado
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A tucana Yeda Crusius sofreu a primeira derrota antes mesmo de assumir o comando do governo do Rio Grande do Sul. As medidas de reestruturação das finanças do Estado, propostas pela futura governadora, foram rejeitadas pelos deputados gaúchos, nesta sexta-feira. Com o objetivo de enfrentar um déficit anual estimado em 2,3 bilhões de reais, Yeda Crusius apresentou um conjunto de medidas que incluía a prorrogação da vigência da alíquota de 28% do ICMS incidente sobre energia, combustíveis e telecomunicações, o congelamento do salário do funcionalismo por dois anos e a redução dos benefícios fiscais concedidos ao setor exportador A reação reuniu desde parlamentares da base aliada até sindicalistas e representantes de entidades empresariais, além de provocar estragos como a desistência de três integrantes do futuro secretariado e a renúncia do líder do PSDB no parlamento gaúcho. Todos os projetos foram rejeitados e o placar dos deputados contrários aumentou à medida que as propostas iam sendo derrubadas. De uma desvantagem de apenas quatro votos na votação do texto que servia de base para o pacote, o apoio foi minguando com a indisposição dos deputados em assumir o ônus da aprovação parcial do plano. O pacote foi encaminhado pelo atual governador Germano Rigotto (PMDB) à Assembléia Legislativa a pedido de Yeda Crusius. Para entrar em vigor já no próximo ano, as medidas deveriam ser aprovadas e publicadas no máximo até esta sexta-feira. Falha na costura Além da dificuldade em aprovar o aumento de impostos e da intensa pressão de entidades empresariais e sindicais, os parlamentares reclamaram da falta de habilidade da equipe da futura governadora na costura dos apoios. "Foi uma falta de articulação política nunca vista", disse o deputado Jerônimo Goergen (PP) após a rejeição do projeto. Goergen seria o novo secretário da Agricultura e anunciou que não assumiria o cargo algumas horas antes do início da votação. Sua desistência foi apontada como um fator decisivo para a perda de apoio entre os aliados da futura governadora. A dificuldade na articulação ficou evidente durante a sessão parlamentar com a indefinição do comportamento da base aliada frente à evidência da reprovação do pacote. Enquanto a oposição forçou a votação de todas as medidas para configurar uma derrota completa do futuro governo, os aliados cogitaram na retirada dos textos da pauta de votação, retirada do quorum ou liberação do voto das bancadas. Para a futura governadora, o resultado não representou uma derrota. Na opinião de Yeda Crusius, não haveria sentido em aprovar parcialmente o projeto e reduzir o plano a um aumento de impostos. Na sua opinião, seria menos "custoso" para a sociedade se o pacote tivesse sido aprovado. "Se a Assembléia não quis aprovar as mudanças estruturais, deixa que a gente faz isso. A partir de 1o de janeiro, temos instrumentos para fazer as mudanças com as quais nos comprometemos", disse Yeda Crusius em entrevista à Rádio Gaúcha.

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