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A manifestantes, Weintraub volta a falar em “vagabundos” e diz que fizeram “macumba” contra ele

Ministro da Educação disse haver um movimento para calar a 'liberdade de expressão' de apoiadores do governo federal

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e Dida Sampaio
Atualização:

BRASÍLIA – O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se reuniu neste domingo, 14, com cerca de 15 manifestantes bolsonaristas que desrespeitaram uma ordem do governo do Distrito Federal proibindo protestos na Esplanada dos MinistériosEles permanecem em um espaço em frente ao Ministério da Agricultura. O ministro discursou para o grupo e chegou a oferecer comida aos manifestantes.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios – onde fica a sede dos três poderes – durante todo o domingo, devido "ameaças declaradas por alguns dos manifestantes" que poderiam colocar em risco o patrimônio e a saúde pública.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, visita manifestantes bolsonaristas que furaram o bloqueio na Esplanada dos Ministérios neste domingo, 14. Foto: Dida Sampaio/ Estadão

Trechos das conversas entre Weintraub e os manifestantes foram divulgados nas redes sociais. Em um deles, o ministro diz "eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”. O restante da fala é encoberto por aplausos dos manifestantes, que gritam “Weintraub tem razão”. O ministro afirmou, em reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgada pelo STF, que colocaria na cadeia os ministros da corte, a quem classificou como “vagabundos”. Ele responde a um processo por causa dessa afirmação. Desde então, seus apoiadores nas redes sociais defendem o ministro nas redes socais, com a hashtag “Weintraub tem razão”. Em outros da conversa divulgados nas redes sociais, o ministro diz haver um movimento para calar a "liberdade de expressão" dos manifestantes bolsonaristas. "A liberdade de expressão é a primeira coisa que temos que defender. Se eles nos calarem, eles vão escravizar todo mundo nesse País", completou.

"Querem tirar a nossa liberdade, não podemos nos locomover, não podemos mais educar a nossa família como queremos educar, não podemos falar o que a gente pensa e não podemos nem mais trabalhar. Tiraram todos os direitos do Brasil e isso não foi de uma hora para outra. Isso foi gradualmente acontecendo", disse o ministro, aos manifestantes. Instado pelos manifestantes a comentar decisões recentes do STF, Weintraub disse não ter autorização de Bolsonaro para falar sobre o tema. “Eu sou ministro do Executivo, e não posso aumentar a pressão que já existe. Eu não tenho autorização do presidente (Bolsonaro) para me posicionar contra um ministro (do STF). É o que eu posso dizer. Vamos manter a tranquilidade, seguir as leis, seguir o que manda estritamente a Constituição. A Constituição tem que ser seguida ao pé da letra”, afirmou. Weintraub, contudo, afirmou que não cometeu “uma única ação fora da lei até o momento”. “Se eu tivesse feito alguma coisa, um contrato errado, se eu tivesse qualquer coisa já teriam me pendurado de ‘ponta-cabeça’ naquela árvore. Não falta mídia me querendo me pegar, fora pessoas com muito poder em Brasília”, disse. Embora tenha participado do ato em local proibido em Brasília, Weintraub orientou os manifestantes a não cometerem atos ilegais durante os protestos a favor do governo. “Não pisem fora da linha, façam tudo dentro da lei, que nós vamos ganhar essa batalha”, completou. O ministro ainda pediu orações aos manifestantes e disse saber que “o outro lado” teria feito “macumba” contra ele. O ministro da Educação gravou ainda mensagens pedindo seguidores para páginas relacionadas a movimentos de direita, entre elas a do autointitulado “Professor Opressor”. Weintraub também listou ações feitas pela pasta, como o aumento de bolsas de estudo em cursos de Medicina, e repetiu discurso contra as faculdades de Ciências Humanas, que formam estudantes em cursos como Ciências Sociais e Filosofia e estimulam a formação de um pensamento crítico. "Eu, como brasileiro, quero ter mais médicos, mais enfermeiros, mais engenheiros, mais dentistas. Eu não quero mais sociólogos, antropólogos", acrescentou.

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