Votação na Câmara pode medir base de apoio a Lula

Nesta terça, será votada a MP que concede reajuste a aposentadorias. Lula quer 5,01%, enquanto o PFL vai insistir na aprovação de um índice maior, 16,67%

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Por Agencia Estado
Atualização:

Passada a eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a oportunidade de fazer o primeiro teste de sua base de apoio na Câmara com a votação da medida provisória (MP), na próxima terça-feira, 7, que reajusta em 5,01% as aposentadorias acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social. O PFL vai insistir na aprovação de um índice maior, 16,67% , e a votação será uma forma de medir a oposição que espera o presidente após sua reeleição. A MP dos aposentados é o terceiro item da pauta da sessão desta terça-feira do plenário da Câmara. A votação vai refletir as negociações do presidente na composição de seu ministério, e a expectativa é que os partidos da base aprovem a MP sem a alteração proposta pela oposição para demonstrar lealdade ao presidente e aumentar seu cacife na partilha do poder. "Cada partido da base vai querer ocupar seu espaço", avaliou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ao afirmar que manterá a sua proposta de aumentar o índice de reajuste dos benefícios. Sem surpresas Mesmo assim, para evitar surpresas, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vai reunir os líderes dos partidos aliados antes da sessão do plenário nesta terça. Líderes de partidos aliados também esperam que o presidente Lula faça algum aceno sobre o espaço que as legendas terão no governo antes da votação. Apesar de a temporada de divisão de poder ter sido aberta, o líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), prefere evitar o assunto. "O momento é de compor e não de botar os votos na mesa para medir o tamanho de cada um", afirmou. Fontana disse que vai tentar convencer o PFL a retirar a proposta que dá um reajuste maior às aposentadorias para que não haja disputa no plenário. "Espero sensibilizar o PFL. Para quê transformar uma semana produtiva, na qual poderemos dar uma resposta à sociedade, em uma disputa para fazer uma divisão artificial do plenário?", argumentou o petista. Com a ajuda dos deputados da base, em 7 de junho passado, a Câmara aprovou o índice de reajuste de 16,67% para todos os benefícios pagos pela Previdência Social, aproveitando a votação da medida provisória que reajustou o salário mínimo. A derrota do governo - o placar registrou 274 votos a favor, 5 contrários e 15 abstenções - obrigou o presidente Lula a vetar o item que estendia o índice concedido ao salário mínimo a todas as aposentadorias. Na época, com menos de quatro meses para as eleições, os parlamentares temiam perder votos se não ficassem a favor de um reajuste maior. Discurso Agora, sem eleição e de olho na Esplanada, deputados já ensaiam o discurso para votar a favor do governo, aprovando o índice proposto por Lula de 5,01%. O argumento será a responsabilidade fiscal com a necessidade de conter os gastos e aumentar investimentos. O reajuste das aposentadorias concentrou na Câmara a disputa entre governo e oposição. Depois do veto de Lula aos 16,67%, os governistas impediram as votações no plenário para evitar nova derrota na votação da medida provisória que tratava diretamente do aumento dos benefícios. Com isso, a MP perdeu a validade e Lula foi abrigado a editar outra, com um aumento de 0,01 ponto, para que os aposentados que recebem acima de um salário mínimo não ficassem sem reajuste. Essa segunda MP já está com o prazo de votação vencido e está trancando a pauta de votação da Câmara. Depois de conseguirem liberar a pauta com dez medidas provisórias, os deputados deverão votar a emenda constitucional que cria o Fundeb e a emenda que acaba com o voto secreto nas deliberações do Congresso. Fora isso, não há muita expectativa entre os líderes do governo e da oposição para que outros projetos sejam votados. As reformas, incluindo a tributária, deverão ficar para o próximo Congresso que tomará posse no dia 1º de fevereiro. Como a proposta atinge os Estados, ela só deverá entrar em discussão depois que os governadores eleitos assumirem seus cargos.

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