Vontade política não é suficiente para governar, diz FHC

Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso fez hoje, durante comemoração dos 38 anos do IPEA, no Itamaraty, um discurso em que, sem citar nomes, respondeu às críticas que têm sido feitas ao seu governo durante a campanha eleitoral. O presidente criticou o que chamou de "voluntarismo". Segundo ele, quem governa não pode pensar que tudo pode ser feito apenas com vontade política. Fernando Henrique ressaltou que é preciso haver mudanças institucionais, mudança de mentalidade das lideranças políticas, dos intelectuais e da opinião pública. "Não se pode mais pensar em Estado intervencionista, que toma decisão sobre a vida política do País", disse. Ele criticou, por exemplo, a lógica defendida nas campanhas, de que se pode baixar juros e, imediatamente, obter o crescimento do País. "Isso não pode ser feito assim principalmente numa sociedade democrática. Afinal, aqueles que compram os títulos, podem se recusar a comprá-los se não for oferecido o que eles querem. E é isso que vai formando a taxa de juros", explicou O presidente afirmou ainda que a legitimidade de um presidente não está só nas eleições, mesmo que obtenha "milhões de votos". Ele argumentou que a legitimidade precisa ser obtida todos os dias. Acrescentou que, muitas vezes, o papel da oposição é tentar solapar esta legitimidade. "O presidente tem que se expor, se contrapor e não pode apenas ditar", afirmou. "Se fosse assim, poderia se resolver tudo por medida provisória ou por decreto - seria melhor ainda -, mas isso não se resolve". Ele voltou a defender as reformas econômicas como a tributária e a da previdência. "As reformas têm que continuar. Se não forem feitas, vai atrasar o desenvolvimento". Fernando Henrique sustentou ainda que a não realização da reforma da previdência impede o combate à pobreza porque, segundo ele, um terço do orçamento da União é destinado ao pagamento de benefícios previdenciários. No seu entender, durante seu governo não houve uma redução do Estado, mas uma reorganização para permitir investimentos da iniciativa privada, exatamente para possibilitar o crescimento do País. "As agências reguladoras são a expressão do novo estado e não de seu encolhimento", disse.

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