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Vitória de Tebet fortalece PMDB e isola PFL

Por Agencia Estado
Atualização:

A eleição do senador Ramez Tebet (PMDB-MS) para a presidência do Senado isolou, mais uma vez, o PFL da base governista e consolidou a aliança política entre o PMDB e PSDB no Congresso, com possíveis desdobramentos na sucessão presidencial. Depois de cumprir o acordo que manteve o controle do Senado nas mãos do PMDB, avalizado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB avançou, segundo seus dirigentes, rumo à retomada do processo sucessório. "Nem o PMDB nem o PFL terão alternativas a não ser buscar uma composição com o PSDB", afirmou um dirigente tucano. "O PFL mostrou que não tem apreço a acordos feitos pelo presidente da República", reagiu o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), para quem a atitude da bancada pefelista, que votou maciçamente em branco, representa sobretudo um veto a um ministro do governo Fernando Henrique. Para os partidários do PMDB, o resultado da eleição do presidente do Senado simboliza uma briga de poder que se avizinha com a corrida eleitoral. O PMDB se credencia como parceiro do PSDB e o PFL, por sua vez, estaria com seu espaço ameaçado. A briga da base aliada pelo poder político do Congresso aflorou as divergências internas também nos próprios partidos políticos, atingindo também a oposição. O senador Roberto Freire (PPS-PE), ao declarar seu voto a Ramez Tebet, descumpriu uma decisão do bloco oposicionista. Além disso, tornou distinta a posição do PPS - ele é presidente nacional do partido - e a do PT, liderada pelo senador José Eduardo Dutra (SE), líder do bloco de oposição. Os pré-candidatos à sucessão presidencial do PSDB, o ministro José Serra (Saúde) e o governador Tasso Jereissati (CE) também tiveram participação no processo de escolha do candidato do PMDB à presidência do Senado. ] O grupo governista do PMDB, liderado pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP) e pelos líderes Renan Calheiros (AL) e Geddel Vieira Lima (BA), não conseguiu unir a bancada em torno de um candidato. A intenção era eleger Calheiros para o lugar do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), mas o projeto esbarrou diretamente no PSDB e PFL. Com a colaboração do então líder do PSDB, senador Sérgio Machado (CE), o grupo tentou solidificar o bloco de 40 senadores em favor do líder peemedebista. O ministro José Serra também trabalhou nos bastidores, mas além de desagradar setores da cúpula tucana, o nome do líder não teve também a simpatia do Palácio do Planalto. "O ministro Serra trabalhou para viabilizar o acordo firmado pelos presidentes dos partidos da base aliada", disse o deputado Geddel, negando qualquer empenho do pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial em favor de Renan Calheiros. No entanto, coube ao governador Tasso Jereissati, do Ceará, vetar explicitamente o nome de Renan Calheiros, respaldado pelo presidente do PSDB, deputado José Aníbal. Com Renan fora do páreo e depois da idas e vindas do senador José Sarney, cuja candidatura foi encampada mais pelo PFL que pelo PMDB, o PSDB entrou novamente no circuito para viabilizar o nome do ministro Ramez Tebet. Na avaliação de integrantes da cúpula tucana, a eleição de Tebet não representa uma vitória exclusiva da cúpula do PMDB, que a divide com outros setores do partido. Como também não significa dificuldades para o Palácio do Planalto, uma vez que ele sai do Ministério da Integração Nacional, onde ficou por três meses, para o cargo no Congresso. Depois de inviabilizar o nome de Renan Calheiros numa dobradinha com o PFL, o PSDB comemorou o fracasso da articulação em favor da candidatura de José Sarney. Se fosse bem sucedida, fortaleceria o PFL e o Palácio do Planalto não teria no posto uma pessoa de sua total confiança. Mas assim que a bancada do PMDB aprovou o nome de Tebet, a direção nacional do PSDB tratou de hipotecar o apoio da bancada do Senado, numa posição frontal à assumida pelo PFL.

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