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Visita de Bush à ONG causa revolta em moradores do Morumbi

Ida do presidente americano à região impede que moradores cheguem em casa

Por Agencia Estado
Atualização:

A visita confirmada de George W. Bush e sua esposa Laura à ONG Meninos do Morumbi, localizada na R. José Jannarelli, causa transtornos e provoca indignação dos moradores do local. As ruas ao redor estão cercadas pelas forças armadas, que impedem a passagem de pedestres. Os moradores das ruas próximas à da ONG não podem chegar em suas casas ou pegar o carro estacionado nas proximidades desde as 13 horas desta sexta-feira, 9. Todas as ruas estão fechadas pelo Exército. Os estudantes Juan, Carlos e Renato, todos com 17 anos, disseram que acham um absurdo todo o Exército nas ruas só por causa de uma pessoa. "Os EUA, que pregam tanto a liberdade e a democracia, vêm para cá cercear a nossa liberdade. Para que tudo isso?", questionavam. Os três estavam com as caras pintadas onde se lia "Fora, Bush!" e um cartaz com a seguinte pergunta: "Why are you here (por que você está aqui)?". Aluísio Dias Cruz, morador do bairro do Morumbi há 27 anos, expressou sua revolta aos gritos. "Estão cerceando o meu direito constitucional de ir e vir. Não posso nem chegar ao meu trabalho", afirmou. Cruz trabalha na mesma rua da ONG. Seu chefe, Oswaldo de Oliveira, também reclamava: "estou deixando de ganhar o dinheiro do meu sustento só por causa do Bush. Só depois das 17 horas, vão deixar a gente ter acesso ao lugar", informou. Fabiane Novelli também era uma das moradoras mais indignadas: "eu acho isso um absurdo, o Exército nos impede de voltar para a própria casa. Só depois que o Bush deixar a ONG Meninos do Morumbi, após as 18 horas." Comerciantes Os comerciantes do bairro do Morumbi, nas ruas próximas à ONG Meninos do Morumbi estão revoltados com o prejuízo causado pela visita do presidente e de sua esposa à ONG. Ao meio-dia, o exército passou e mandou todos os estabelecimentos das ruas próximas fecharem. Todos os estabelecimentos da rua da ONG - restaurantes, lavanderias, padarias - foram obrigados a fechar as portas. Sidney Moreira, de 45 anos, é proprietário de uma padaria e de um açougue das ruas laterais da ONG. Ele disse que em 24 anos nunca teve prejuízo igual. "Isso tudo porque ele é o homem mais poderoso mais odiado do mundo. Isso é ridículo. O presidente da Alemanha esteve aí ontem e não teve nada disso. Eu vendia R$ 5 mil por dia nos dois estabelecimentos, hoje eu vendi R$ 200. Com certeza o prejuízo de todo o Morumbi vai passar de um milhão", reclamou Sidney. O comerciante se irritou com o fato de o Exército passar "sem intimação, mandando as lojas fecharem". "Eles mandavam a gente fechar com ordem verbal. Não tem nada na Constituição que determine isso". Dono de uma ótica na rua paralela à da ONG, José Alberto, de 65 anos, também se revoltou com o prejuízo. "Esse mês, eu não sei se vou conseguir pagar o aluguel. Hoje eu não vendi nada. Isso que fizeram com o comércio da região é uma sacanagem". Texto ampliado às 18h26

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