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Viegas diz não crer que falta de recurso causou acidente

» Entenda como foi o acidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Defesa, José Viegas, disse nesta segunda-feira não acreditar que o acidente na Base Aérea de Alcântara, que matou 21 pessoas, possa ter sido provocado por falta de recursos, como sugeriram tanto o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, quanto o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilácqua. O ministro disse também que "não há indícios de sabotagem" na explosão, ressalvando que todas as causas possíveis estão sendo analisadas. "Eu não tenho e ninguém tem nenhum elemento que possa vincular o acidente ocorrido à escassez de recursos", declarou Viegas, em uma crítica velada ao ministro Amaral e ao presidente da AEB, negando, porém, que haja descompasso entre o discurso dos três. Segundo Viegas, os recursos para o programa espacial eram "suficientes" para que ele fosse conduzido em segurança. "Nós ainda não temos condições de determinar que falha ocorreu, qual a razão do acidente, e é absolutamente precipitado dizer que ela decorre de insuficiência de recursos", ressaltou Viegas. Ele acentuou que mesmo as pessoas envolvidas com a missão não alertaram que os recursos do programa poderiam comprometer a segurança do projeto. Mesmo sem querer especular sobre o que pode ter provocado o acidente, Viegas informou que "as possibilidades maiores são de que tenha havido alguma descarga elétrica" que provocou a ignição prematura de um dos motores do foguete. "Houve uma ignição que levou a uma explosão do combustível. Nós não sabemos qual a causa dessa ignição prematura e aí está o cerne das investigações", disse o ministro. Viegas assegurou que as operações que estavam sendo realizadas em Alcântara no momento do acidente eram "de rotina" e nenhuma delas pode ser classificada como de rirsco. "Não havia nenhuma equipe trabalhando no depósito de combustível, nem com combustível, nem com a ignição, nem a equipe de propulsão estava presente, nem a equipe de pirotécnica, que é a encarregada de fazer com que os circuitos sejam acionados no momento correto. E os circuitos elétricos que alimentam os combustíveis estavam todos desligados e com os seus seguros funcionando." Hipóteses levantadas nos últimos dias, segundo as quais o foguete teria problemas, foram afastadas pelo ministro. "A informação que tenho é contrária a essa. É de que os trabalhos estavam andando normalmente e de que não havia nenhum indício de que poderia haver um acidente." Viegas garantiu que o programa espacial vai prosseguir. ?Mas é natural, é inevitável que haja um atraso porque houve perda humanas, além das perdas materiais?, disse ele. Segundo o ministro, duas investigações estão sendo realizadas para apurar o que ocorreu. O brigadeiro José Monteiro, do Departamento de Ensino e Pesquisa da Aeronáutica, vai coordenar uma investigação técnica, que terá 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para para identificar as causas do acidente. Paralelamente, um Inquérito Policial Militar (IPM), presidido pelo coronel Antônio Carlos Cerri terá prazo de 40 dias para apurar as responsabilidades pelo acidente, inclusive do ponto de vista legal. Viegas não soube quantificar os recursos que o programa espacial terá em 2004, alegando que o orçamento ainda está sendo fechado. Também não falou sobre indenizações das vítimas, observando que o assunto está sendo discutido. Garantiu, proém, que as famílias dos mortos terão todo o apoio necessário.

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