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Vice da Câmara fala de 'massacre midiático'

Por ERICH DECAT E EDUARDO BRESCIANI
Atualização:

O pedido de afastamento anunciado nesta segunda-feira pelo vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), tem por objetivo "preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações". Essa explicação está presente em nota de esclarecimento divulgada hoje pela assessoria de imprensa do parlamentar.A assessoria do deputado destaca, ainda, que Vargas não é alvo de nenhuma investigação e não foi comunicado oficialmente acerca dos temas tratados pela imprensa. "A licença não interrompe prazos nem suspende quaisquer procedimentos que possam ser instaurados pela Câmara dos Deputados. O deputado segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários", cita a nota."O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre", conclui a nota de esclarecimento. André Vargas solicitou à Mesa da Câmara uma licença de 60 dias, sem remuneração, a contar da data de hoje. O petista vem sendo questionado por sua relação com o doleiro Yousseff.Novas mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato mostram que Vargas cobrou do doleiro Alberto Yousseff, preso em Curitiba, a falta de pagamentos a "consultores". Em 19 de setembro de 2013, conforme o site da revista Veja informou, Vargas reclamou com o doleiro: "Sabe por que não pagam o Milton?", perguntou o deputado.Em resposta, Yousseff escreveu: "Calma, vai ser pago. Falei para você que iria cuidar disso". Mas André Vargas insistiu. "Consultores que trabalham com ele há meses e não receberam", teclou Vargas. O doleiro tentou tranquilizar o deputado: "Deixa que já vai receber", garantiu Yousseff.A troca de mensagens não permitiu a identificação da origem desses "consultores". A conversa é, segundo Veja, mais um indício recolhido pela Polícia Federal para reforçar uma suposta sociedade secreta entre o doleiro e vice-presidente da Câmara.Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo revelou que Vargas usou um jatinho pago pelo doleiro para viajar em férias com a família à João Pessoa (PB). A viagem teria custado R$ 100 mil. Da tribuna da Câmara, Vargas pediu desculpas aos colegas e à família. E negou qualquer envolvimento em um contrato de R$ 150 milhões para fornecimento de remédios entre o laboratório Labogen e o Ministério da Saúde.PSDB, DEM e PPS protocolaram nesta segunda-feira uma representação pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas. Na representação, os partidos da oposição pedem a abertura de processo no Conselho de Ética e pedem que o órgão convide Yousseff a prestar depoimento.A investigação da PF afirma que o deputado teria auxiliado o doleiro em negociações do laboratório Labogen com o ministério da Saúde. Em uma das mensagens trocadas entre os dois, divulgada pela revista Veja, o doleiro afirma a Vargas que o negócio poderá lhes trazer "independência financeira".

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