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Viana envia ao ministro da Justiça novos documentos de Renan

PF entrega perícia de outro lote de documentos ao Conselho de Ética nesta terça

Por Rosa Costa
Atualização:

O primeiro-vice-presidente do Senado, senador Tião Viana (PT-AC), disse nesta terça-feira, 21,1, que enviou novos documentos sobre supostas vendas de gado das fazendas do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL),ao ministro da Justiça, Tarso Genro. A Secretaria da Fazenda de Alagoas havia enviado um novo lote de documentos a Viana na segunda. Viana afirmou que a Polícia Federal lhe entregará o resultado de outra perícia nos documentos - iniciada há mais de 20 dia - nesta tarde. Renan responde a processo por quebra de decoro, sob a acusação de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Com a papelada, Renan buscou provar que faturou R$ 1,9 milhão em quatro anos com venda de gado e tinha renda para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, não precisando de ajuda de Gontijo. O senador disse que, quanto mais rápido o Conselho de Ética agir, na apreciação das representações apresentadas contra Renan, melhor será para o Senado. "Esse processo é lento. Seria melhor para a instituição se a demora fosse menor. Quanto antes forem examinados (os processos), melhor." Tião Viana lembrou que o processo contra Renan no Conselho de Ética começou há 90 dias. Disse que não lhe cabe deduzir se a chegada dos novos documentos - enviados pelo governo alagoano - fariam parte ou não de uma nova tática de Renan para atrasar o processo. Se for condenado, Renan pode ser cassado e ter os direitos políticos suspensos. Na tentativa de ampliar seu espaço de defesa, o conselho pediu à PF que adiasse a entrega do laudo e analisasse novo lote de documentos, enviado na segunda pela Secretaria da Fazenda de Alagoas. Mas o Instituto Nacional de Criminalística (INC), responsável pela perícia, recusou-se a retardar o trabalho, após dois meses de adiamentos, alguns atribuídos a aliados do senador. Ficou acertado que, se os documentos tiverem fatos novos, será feito um adendo ou uma revisão. Alguns integrantes do Conselho de Ética afirmam que a chegada desses documentos seriam uma estratégia para permitir que, mais adiante, o advogado de Renan passe a argumentar que tais documentos não foram periciados pela Polícia Federal. Laudo O laudo que será entregue nesta tarde ao Conselho de Ética deve revelar inconsistências na evolução patrimonial de Renan e fragilidade nas notas e recibos, muitos emitidos por empresas inidôneas. A papelada mostra que ele tinha renda para pagar pensão a Mônica, mas não prova que todo o dinheiro saiu do seu bolso. Os peritos do INC constataram, na análise dos documentos, que a fortuna acumulada por Renan nos últimos anos não tem amparo nas suas rendas de parlamentar e pecuarista. A movimentação bancária dele no período de 2002 a 2006 está acima da renda declarada e o montante a descoberto não tem origem justificada. Os recibos e notas fiscais apresentados como defesa também não são suficientes para comprovar que Renan faturou R$ 1,9 milhão com a venda de gado no período. Uma cópia do laudo será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu inquérito sobre suspeitas de enriquecimento ilícito, uso de documentos falsos, prevaricação e crime financeiro. A perícia responderá a 30 quesitos formulados pelo conselho. Poucas são favoráveis ao senador, como o fato de que o preço do gado está dentro do valor de mercado e não há sinais de superfaturamento. O presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), informou que depois de receber o laudo dará cinco dias para Renan apresentar defesa. Em seguida, abrirá prazo para os relatores darem seu parecer. A previsão de Quintanilha é de que o processo possa ser julgado no fim de setembro. Se o conselho aprovar parecer pela cassação, ele seguirá para o plenário, onde precisará dos votos de 41 senadores, a maioria absoluta.

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