PUBLICIDADE

Vestibular da UFRJ continua indefinido

Por Agencia Estado
Atualização:

Os 56.016 inscritos no vestibular da maior universidade federal do País - a UFRJ - ainda não têm uma definição de quando serão realizadas as provas do concurso. Até as 19 horas de hoje, o desembargador Arnaldo Esteves Lima, presidente do Tribunal Regional Federal (TFR), não havia julgado o recurso da Procuradoria da UFRJ e da Advocacia Geral da União requisitando a suspensão da liminar concedida pelo juiz Firly Nascimento Filho, da 5ª Vara Federal, que determinara o adiamento do vestibular, cuja primeira prova estava marcada para este domingo. Adriano Gomes, de 19 anos, está apreensivo e angustiado com o impasse na UFRJ, onde pretende cursar Medicina. "Se alguma liminar permitir que a prova seja no domingo, com certeza vai ter confusão e quebradeira. Já tem gente se organizando para invadir as salas e rasgar as provas", disse Gomes, que estuda de 7h30 às 18 horas no curso pré-vestibular Miguel Couto. Aluno de escola particular, ele apóia o adiamento do concurso. Para Bruno Monteiro, aluno do 3.º ano do colégio federal Pedro 2.º, no centro, "não é justo" manter a data prevista no edital. "Estamos muito prejudicados com a greve, há mais de dois meses sem aulas", disse ele, que prestará vestibular para direito na UFRJ. Já Carolina Hainfellner, de 18 anos, é contra o adiamento. "A gente se prepara o ano inteiro e acaba saindo prejudicada. Estou muito nervosa com tudo isso. Como vou fazer para pagar mais dois meses de cursinho?", pergunta ela, aluna de um colégio particular de Niterói e candidata ao curso de Odontologia da UFRJ - Carolina paga R$ 326 por mês pelo curso pré-vestibular. Sílvia Monserat, de 18 anos, considera "individualista" a posição de Carolina. "Sou a favor do adiamento porque tem muita gente de colégio público que está sem aula e não pode pagar um cursinho", disse ela, também aluna do Miguel Couto, que pretende cursar Ciências Sociais na UFRJ. "Esse Vilhena (José Henrique, reitor da UFRJ) é um autoritário", afirma Sílvia. Aluna da Escola Federal de Química, Natália Sena, de 17 anos, diz que não teria condição de passar no vestibular se não tivesse como pagar um cursinho. "Para a gente que estuda em colégio público é muito pior. Tenho amigos que estão desesperados com esse impasse", diz ela, candidata ao curso de Engenharia de Produção da UFRJ. Sindicato e Reitoria O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio, José Antônio Teixeira, defende o adiamento das provas. "Me atreveria a dizer que o que estão fazendo com esses jovens é tortura", disse ele. Hoje, o sindicato encaminhou nota aos 1.800 colégios filiados à entidade recomendando que orientem seus alunos a somente deixar de comparecer à prova prevista para domingo se a reitoria comunicar que o concurso está suspenso. Teixeira alertou que uma liminar pode sair a qualquer momento, e a Reitoria informa que se a data for mantida por uma decisão judicial e o aluno não comparecer, estará eliminado. A Polícia Militar se disponibilizou para reforçar a segurança nos locais de prova. Na liminar de terça-feira, o juiz Nascimento Filho, que é professor universitário, disse que "a integridade dos envolvidos deve ser preservada e o adiamento, apesar de poder acarretar algum prejuízo psicológico, é o melhor caminho para evitar o confronto físico, que se revela viável". A Universidade Federal Fluminense (UFF) já decidiu adiar o vestibular, que estava previsto para começar no dia 9 de dezembro - há 49,5 mil inscritos para o concurso. Além da UFF, a Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio) também adiou o concurso, previsto para o fim de novembro. As novas datas só serão definidas após o fim da greve dos professores. Na UFRJ, a decisão do Conselho de Ensino de Graduação de adiar o vestibular para janeiro e fevereiro não foi reconhecida pela Reitoria, que diz estar preparada para aplicar a prova no domingo. Em assembléia, os professores da universidade resolveram manter a greve. No fim da tarde, cerca de 300 estudantes de escolas públicas fizeram um protesto no centro da cidade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.