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Vereadores ganham status de ‘prefeitos’ regionais

Investindo na proximidade com o povo, eles são o canal do Executivo nos confins paulistanos

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Por Redação
Atualização:

Às margens das Represas Billings e Guarapiranga, extremo da zona sul de São Paulo, o domínio de vereadores sobre áreas carentes faz deles verdadeiros "prefeitos". Eles têm índices de até 30% nos votos nominais de suas zonas eleitorais e são responsáveis por intermediar com a Prefeitura a chegada do asfalto, do esgoto e de novas escolas. Dentro da comunidade, recebem apoio de delegados, donos de escolas de samba e de líderes religiosos.

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O vereador Antonio Goulart (PSD), por exemplo, discursa como "prefeito" em áreas da Capela do Socorro. E leva a fama de ser o responsável pelos parques construídos recentemente pela Prefeitura às margens da represa Billings. Seu patrimônio político é construído com agenda diária que inclui, logo de manhã, 30 ligações para dar os parabéns aos aniversariantes do dia.

Antes do almoço, acha tempo para ir a cinco padarias e enviar coroas de flores para meia dúzia de conhecidos. Depois, checa a situação dos oito clubes da Prefeitura que ajudou a reformar em cinco anos. "Pus a zona sul no mapa da cidade", gaba-se Goulart, o segundo mais votado da cidade em 2008, atrás apenas do hoje candidato a prefeito Gabriel Chalita (PMDB). Para não entrar no território dominado por Goulart, Milton Leite (DEM) deu prioridade à sua atuação na região do M’Boi Mirim, do outro lado da Represa Guarapiranga. Foi assim que se tornou o "prefeito" de Piraporinha, distrito da zona sul onde teve quase 30 mil votos em 2008. Além de ser ligado a uma cooperativa de perueiros com 1.300 lotações, Leite é o intermediário da prefeitura para o Programa de Reurbanização de Favelas, com verba de mais de R$ 1 bilhão, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento. Até o fim de 2012, o projeto vai remover barracos e dar moradias para 50 mil pessoas de 118 ocupações em área de manancial.

Lama. "Não sabia que era da prefeitura, pra mim quem fez toda essa mudança nas favelas foi o Milton Leite. Se não fosse ele tava até hoje com lama dentro de casa", conta Marluce Ferreira, de 41 anos, moradora no Parque Cocaia, uma das regiões que ganharam asfalto, esgoto e escola desde 2009. "Foi tudo o Milton Leite que trouxe", emenda a dona de casa Fátima Moreira, de 29 anos. O vereador ajudou ainda a intermediar a entrada das equipes da Secretaria Municipal de Habitação em áreas violentas da região. Também é ‘padrinho’ de 14 times de futebol e de uma escola de samba. "Faço liderança comunitária, ajudando a população no que eu posso", diz Leite, que elegeu os dois filhos deputados - o de 21 anos tornou-se em 2010 o parlamentar mais novo do Congresso e teve 21 mil votos.

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