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'Fiquei constrangida', diz vereadora eleita para 'embelezar' mesa diretora

Iasmin Roloff (PT) foi eleita a contragosto pelos colegas como segunda vice-presidente da Câmara de Canguçu, no Rio Grande do Sul

Foto do author Davi Medeiros
Por Davi Medeiros
Atualização:

A vereadora Iasmin Roloff (PT) foi eleita a contragosto como segunda vice-presidente da Câmara de Vereadores de Canguçu (RS) após receber votos motivados por sua aparência. Pelo menos três parlamentares argumentaram que a colega, única mulher com mandato na Casa, teria a função de “embelezar” a mesa diretora. A sessão ocorreu na última quarta-feira, 22. 

Iasmin, então, pediu a palavra e afirmou aos vereadores que preferiria receber votos por sua capacidade intelectual. “Fiquei constrangida e incomodada”, disse a vereadora ao Estadão. “No momento em que se dá um voto apenas pela aparência de alguém, se torna invisível toda a trajetória dessa pessoa, toda a sua capacidade de construção, sua inteligência e seu trabalho."

Vereadora Iasmin Roloff (PT) pediu a palavra após se sentir constrangida pelo voto de três colegas. Foto: Reprodução/YouTube

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“Foi como se eu estivesse ali só para isso, (...) como se eu não tivesse capacidade de legislar como eles”, acrescentou. Os votos justificados pela aparência da parlamentar foram dados pelos vereadores Arion Braga (PP), Oraci Teixeira (PSB) e Silvio Neutzling (MDB). 

A vereadora havia se candidatado para a presidência da Casa, cargo definido na mesma sessão, mas recebeu menos votos para esse posto do que para o qual acabou eleita. Anteriormente, ela já havia rejeitado um convite da base governista para a primeira vice-presidência.  O episódio foi divulgado pelo G1.

Iasmin afirmou não ter se candidatado à segunda vice-presidência. Ela aguarda o fim do recesso legislativo para decidir com seu partido se assumirá o cargo, para o qual, segundo ela, foi indicada pela base governista e recebeu 8 votos. Na mesma conversa com o diretório municipal do PT, ela espera definir se tomará alguma medida legal contra os vereadores que fundamentaram seus votos pelo “embelezamento” da mesa.

O episódio gerou repercussão nas redes sociais. Via Twitter, a ex-deputada federal Manuela d’Ávila (PCdoB) prestou apoio à vereadora e classificou a situação como um constrangimento. “Até quando seremos tratadas com tamanho desrespeito?”, escreveu. O vereador Leonel Radde (PT), de Porto Alegre, também manifestou solidariedade e disse que a colega de partido foi vítima de “machismo explícito”.

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