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''''Venezuela é adversário em rota de colisão com o Brasil''''

Por Salvador Raza: diretor-geral do CeTRIS e Eliezer Rizzo Oliveira: pesquisador da Unicamp
Atualização:

Hugo Chávez é uma preocupação para o Brasil? Raza - Sim, o Brasil deve ficar preocupado com Chávez. A Venezuela vem acumulando densidade estratégica suficiente para contestar interesses vitais brasileiros e sustentar sua posição no tempo, seja por meios políticos, seja por meios militares. A Venezuela é um adversário em rota de colisão com o Brasil. É uma rota tortuosa, com os vários desvios criados pela diplomacia, mas as conveniências implícitas nas políticas declaratórias não deixam dúvidas - existe uma disputa latente. A invasão da Guiana é uma possibilidade forte nesse quadro, sustentada pela mesma lógica oferecida para a invasão das Falklands/Malvinas - um fato consumado de efeito diversionário de problemas internos. Ao Brasil restariam duas decisões ruins: não fazer nada e perder prestígio ou interferir militarmente e fracassar, pela incapacidade de transportar e sustentar forças para ações substantivas. Eliezer - Chávez é uma preocupação política e militar. É inaceitável sua interferência em movimentos sociais brasileiros. Aliás, Chávez não é só presidente da Venezuela, é também "el comandante" de um processo revolucionário sul-americano. É inadmissível o conformismo do governo Lula com as reeleições ilimitadas que agora constam da Constituição chavista. Um movimento de Chávez contra um vizinho não será surpresa. Um conflito com a Guiana, por conta da região contestada a oeste do Rio Essequibo, exigirá que o Brasil preserve a integridade do território e do espaço aéreo, proibindo e rechaçando o trânsito de tropas estrangeiras. No caso, deve ser considerado o fato de que a Guiana, na condição de ex-colônia britânica, receberá apoio da Inglaterra nas ações de defesa. * Centro de Tecnologia, Relações Internacionais e Segurança

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