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Venezuela anuncia adesão ao Mercosul

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Hugo Chávez disse nesta terça-feira ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu oitavo encontro com o colega brasileiro, que a Venezuela decidiu aderir ao Mercosul. Membro da Comunidade Andina (CAN), também integrada por Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, que já negocia um acordo com o Mercosul, a Venezuela decidiu anunciar individualmente sua associação ao bloco do Cone Sul, que passa por dificuldades, em um gesto de apoio à política do presidente Fernando Henrique de fortalecer o bloco sul-americano antes da formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "A Venezuela não está de acordo com as propostas de adiantar a Alca e nossa posição é muito parecida com a do presidente Fernando Henrique", disse o presidente. Segundo Chávez, se não forem considerados os desequilíbrios econômicos da região, a Alca poderá ser um "fator de desintegração da América Latina." Ele disse que Fernando Henrique não falou sobre a conversa que teve com o presidente americano George W. Bush na sexta-feira nem sobre as preocupações do presidente americano com relação ao seu governo. "Se Bush pediu a Fernando Henrique que me desse um recado, o Fernando Henrique é muito indisciplinado, mas agora estou mais seguro de que o Brasil é um país independente, porque de Fernando Henrique só recebi apoio", disse Chávez. Na avaliação do presidente venezuelano, a América Latina e o Caribe vivem atualmente "o ponto mais profundo de sua debilidade". Chávez atribiu o aumento dos índices de pobreza na região a dez anos de políticas neoliberais. Para ele, a idéia de adiantar a Alca consolida esse modelo. "O neoliberalismo não é o único, mas é o caminho mais rápido para o inferno", disse. "As estatísticas mostram isso, porque, nos anos 80, 33% da população da região era pobre, hoje são 45%; a mortalidade infantil hoje é de 25 para cada grupo de 1000, cinco vezes maior do que nos países desenvolvidos, e mais de 50% dos trabalhadores estão na economia informal, além disso a dívida externa da região aumentou de US$ 300 bilhões para US$ 700 bilhões", comparou Chávez. Ele prometeu defender a não antecipação da Alca e a elaboração de propostas comuns aos presidentes do México, Vicent Fox, e da Colômbia, Andrés Pastrana, com quem se reúne na sexta-feira. Mas ressaltou que a tentativa será "apenas de aproximar as propostas", já que o México participa do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e a Colômbia tem um intenso comércio com os Estados Unidos e interesse em associar-se comercialmente àquele país. "Não somos contra a Alca, mas não creio que o presidente Bush tenha de fazer isso em menos de dois anos como um ponto de honra, porque é uma questão de síntese de interesses", disse. Depois da reunião entre Fernando Henrique e Chávez, o Itamaraty divulgou uma nota conjunta com a Venezuela em que afirma que os dois presidentes "expressam seu convencimento de que a Alca dever levar em conta os princípios de equilíbrio, gradualidade e progressividade das negociações, assim como as diferenças de níveis de desenvolvimento das economias do hemisfério."

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